Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

domingo, julho 11, 2010

Game Over. Continue? Insert Coin.


De uns tempos pra cá um pensamento tá meio que martelando minha cabeça.
É sobre a questão da finitude da vida.
Ok, ok, ok... Pode ficar tranquilo que não é post de auto ajuda ou coisa do tipo. Eu odeio esse tipo de leitura também; passo longe de livro do Augusto Cury, Max Lucado, "A Cabana" e afins. Não desmerecendo esses autores nem seu discurso, mas sempre que lia alguma coisa do tipo eu tinha a impressão que já tinha lido isso em outro lugar. O que geralmente era verdade. Sobre o Lucado, antes que venham me taxar de insensivel, escroto ou herege, eu já li livros dele e já dei de presente pra minha japa. Só estou dizendo que pra mim esse tipo de coisa não funciona mais. Parece que fiquei "vacinado": eu leio uma frase e automaticamente o "link" com o original (que evidentemente está na Biblia) aparece e o encanto se desfaz. Não tenho nada contra, mas só não tenho o costume de ler e comprar. Sò isso.
Mas, voltando ao inicio do post, a questão que me incomoda é exatamente o fato de não termos mais uma outra chance aqui. Uma grande amiga escreveu uma vez que "A vida é uma peça de teatro onde não existe ensaio". A frase não é dela (e eu também não sei de quem é), mas é verdade: Não temos como escolher nosso rosto, nosso tipo de cabelo, se vamos manter nosso apendice até o fim da vida, se seremos altos, inteligentes, ricos... nada. Nós meio que simplesmente "existimos". As chances que teremos na vida serão AQUELAS, e ponto. É isso. Zéfiní.

Quando eu era mais novo (e bem mais idiota) minha prima disse que se eu raspasse a cabeça, meu cabelo ia nascer liso. Obvio que seria uma ideia interessante, mas, infelizmente incoerente com a ordem natural das coisas. Lembro que fiquei animado com a idéia, mas depois e ver um colega passar a "zero" e o cabelo voltar pior do que antes, desisti.
Ai começei a pensar a respeito de reencarnação, espiritos essa tranqueira toda. E digo pra vocês: bem que eu queria que isso fosse verdade! Ou pelo menos que fosse do jeito que EU penso que deveria ser. Deixa eu explicar.

Eu meio que reajo melhor as coisas quando eu vejo que estou quase na ponta do abismo. Eu fazia trabalho em cima da hora, estudava pra prova na noite anterior, eu sou do tipo que passa roupa 5 minutos antes de sair de casa. A ideia de reencarnação está assim na wikipedia:

"Reencarnação é uma ideia central de diversos sistemas filosoficos e religiosos, segundo a qual uma porção do Ser é capaz de subsistir à morte do corpo. Chamada consciencia espírito ou alma, essa porção seria capaz de ligar-se sucessivamente a diversos corpos para a consecução de um fim específico, como o auto-aperfeiçoamento ou a anulação do carma.
De acordo com alguns estudiosos, a ideia se desenvolveu de duas crenças comuns que afirmam que: Os seres humanos têm alma, que pode ser separada de seu corpo, temporariamente no sono, e permanentemente na morte e que as almas podem ser transferidas de um organismo para outro."
Ai esbarrei no conceito de Carma ( कर्म, "ação") . "Samsara é o clico das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustação engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. Os budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico. Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara não-esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação. Boas ações e/ou ações ruins geram "sementes" na mente que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente."

Fiquei pensando: seria legal se pudessemos ter outras chances de acertar, tipo na escola, aonde temos testes, provas, recuperação, suplência, dependencia e por fim, injeção letal. Mas duas coisas sempre me intrigaram nesse tipo de pensamento:

a) Porquê todo mundo que já reencarnou foi alguém importante? Nunca um padeiro num feudo na Andaluzia, um escravo que morreu num navio negreiro, um operario inglês do século XIX, um indio que morreu envenenado por uma picada de cobra 200 anos antes da chegada dos portugueses. Não... o que eu sempre ouço-vejo é uma lista de personagens fantasticos: Cleópatra, Reis europeus, empregados que participaram de conspirações na corte dos Médici, Dante e por ai vai. Ninguém foi Hitler na outra vida. Muito menos o Judas Iscariotes, ou o Janio QUadros, meu presidente preferido.

b) A maldita regra da Amnésia.
Ninguém se lembra do que foi na outra vida. Que triste não? O conceito é que a pessoa deve "rumar numa jornada de autoconhecimento", aonde seus erros passados devem ser "quitados" com boas açoes no presente. É ma "subida de escada" de acordo com suas atitudes. A cada vida"ruim" a pessoa demora mais a alcançar... seja lá que nome isso tenha. Não vou voltar e ler na wikipedia.
Bom, ai está. Eu entendo a necessidade de querer ser alguém, mesmo que em outra vida. Entendo o misto de incompetencia-burrice-tosquice-ingenuidade que leva alguém a acreditar ter sido Napoleão na outra vida e hoje ser um frustrado. Mas, pagar por algo que eu nem sei se eu realmente cometi... Aí é abusar demais da minha paciencia. Isso me soa meio "kafkaniano", sabe, aquele livro "O Processo"? Ok, vou voltar na wikipedia, mas não vou ter o trabalho de tirar o sublinhado:

"O Processo (no original em alemão, Der Prozess) é um romance do escritor checo Franz Kafka, que conta a história de Josef K., bancário (tinha que ser) personagem que acorda certa manhã, e, sem motivos sabidos, é preso e sujeito a longo e incompreensível processo por um crime não revelado. A figura de Josef K. é o paradigma do perseguido que desconhece as causas reais de sua perseguição, tendo que se ater apenas às elucidações alegóricas e falaciosas advindas de variadas fontes. Sem motivo Josef K. é capturado e interrogado em seu aniversário de 30 anos. As circunstâncias são grotescas, ninguém conhece a lei e a corte permanece anônima. A "culpa", descobre Josef K., torna-se-lhe inerente, sem que ele possa fazer algo contra isso. Obstinadamente, mas sem sucesso, ele tenta lutar contra o crescente absurdo e envolvimento, ignora todo aviso de resistência e é por fim executado um ano depois nos portões da cidade."

Entenderam? Imagina você ser condenado a viver de acordo com os erros que você "cometeu" mas não se lembra? Ninguém em sã consciencia se dignaria a isso. Se você não fez algo, você luta com todas as forças pra sair da situação e não aceita como um cordeirinho bonitinho que deve evitar fazer isso ou aquilo pra não ter que voltar como um cidadão de categoria inferior, por exemplo, um vendedor de enciclopédia no Acre. Acho que se eu tivesse certeza da reecarnação, eu faria TUDO o que fosse possivel pra ferrar com o proximo da fila, independente de ser ou eu não. Pensa que coisa maravilhosa! Eu faria tudo do jeito que eu quisesse, afinal, na outra vida eu não saberia mesmo o que fiz... pagar seria um mero detalhe. Só ir postergando o pagamento da fatura! Seria divertido ver meu outro eu se ferrando no meu lugar. Que ideia brilhante! Ainda bem que não existe um departamento de cobrança reencarnativo. Eu fico pensando o que eu deveria ter feito pra nascer com essa minha cara e esse meu temperamento. Devo ter feito algo muito feio na "outra vida". Mas, não me lembro de nada. Minha lembrança mais antiga acreditem, é da minha festa de um ano. Mas isso fica pra um outro texto. Nessa vida, claro.
Não aceito esse tipo de idéia, prefiro acreditar que a vida é uma peça de tea...

Nha. Tu leu isso lá em cima.
Fiquem com Deus. Pelo menos ele té inteligente o bastante pra eliminar toda papelada e cobrar nossas atitudes numa fatura só.


GuP.

2 Comments:

Anonymous Priscila ( a Marise) said...

hahahahaha....
O final foi fantástico. rs

12:48 PM  
Blogger Jonathan Bassut said...

Quando criança tinha um programa pra MS-Dos (me sinto um velho quando falo de Dos) que dizia quem você foi em vidas passadas. Eu fui uma escrava... Tipo... Só isso. Não fundei quilombos, não matei zumbi, não atazanei senhores de engenho...Parei aí com reencarnação. Rs

11:26 AM  

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