Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

domingo, setembro 12, 2010

Collins Drums!


Ofereço esse texto pra galera da comunidade "Genesis Live Forever".



Phil Collins: uma breve analise "bateristica".


No inicio da carreira "Genesiana" (sic) é notavel uma forte influencia do Jazz, principalmente do estilo mais livre e polirritmico de Elvin Jones, baterista do quarteto de John Coltrane (indico ouvir o cd "A Love Supreme" pra entender isso).
No inicio do Jazz, a tendencia era dos bateristas tocarem de fora mais "reta", acompanhando os outros musicos e sempre marcando os tempos fortes no 2 e no 4 (um DOIS três QUATRO) no contratempo com o pé e a constante marcação no prato de condução típica do jazz em tercinas (tiimm ti ti tiiiimm) com a caixa fazendo leves acentos. Com a chegada de Elvin Jones e de outros bateristas como Roy Haynes, a bateria começou a ficar mais livre pra interagir com o solista, abordagem essa que chegou ao climax com Tony Williams, baterista do quianteto de Miles Davis. Collins seguia essa abordagem no inicio do Genesis.
Querem exemplos disso?
*Ouçam a versão ao Vivo de "Watcher of the skies" (cd Genesis Live) e repare como o Collins literalmente improvisa nas estrofes por baixo do ritmo hipnotico do Rutherford. (3:04 em diante)
* "Supper Ready", trecho "Apocalypse".
* Toda a "Ridding of screen".
O espirito improvisador de Collins é latente nessas musicas e isso foi algo que eu sempre notei: ele não é um baterista de "batidas": ele sempre cria, recria, estica, tira coisas - é um baterista que sempre força o ouvinte a pensar ritmica-melodicamente (novamente "Watcher of skies"-se fosse um baterista comum, simplesmente iria fazer o ritmo e não acompanha o riff de baixo no começo da musica).

Com relação ao bumbo, as "cavalgadas" (Tá Tugu Tá tugu Tá) que depois seriam repetidas a exaustão por outros bateristas foram copiadas por ele de John Bonham, batera do Led Zeppelin (outro fortemente influenciado pelo jazz). No palco, Gabriel também dava uma força nessas horas tocando um bumbo que ficava na frente do palco.
Exemplos:
* "Musical box" (solos de guitarra)
* "The return of giant hogweed"
* A apoteose dessa tecnica está na musica "Wott Gorilla?"

Após a saida de Gabriel, Collins se concentra mais nos grooves (levadas) das musicas, deixando sua abordagem mais jazzistica pra momentos mais "especiais". A batera fica mais "musculosa" e com uma abordagem mais "funky" (entenderam o porque de "Going Back"? ;)
Com isso, ele começa a ficar meio impaciente e busca outros projetos pra sair da "mesmice" ritmica do pop. Brand X é o maior exemplo. Mas ainda assim, ao vivo a "chapa esquenta": ouçam a versão de Cinema Show: pra um batera como Bill Brufford ter que "segurar a mão" ao vivo, mostra que Collins devia contar os minutos pra poder sentar atrás do kit! Ele detonava! Collins começa a criar grooves históricos nessa fase.
Exemplos de groove:
* "Squonk"
* "Follow you follow me"
* "Misunderstanding"

Ao mesmo tempo, a influencia "tribal" começa a aflorar: o kit que antes era um basico de jazz (vejam a contracapa do Genesis Live) e que tinha dado lugar a um kit experimental (veja o kit da turnê do The Lamb), agora era substituido por um bem proximo do atual com a inclusão dos famosos "tons de concerto", ou seja, tambores sem pele de resposta. A abordagem se modifica de três formas:
a) A bateria começa a ficar mais na "frente" na mixagem:"Dodo".
b) uma abordagem mais tribal: "Dukes Travels-End".
c) inicio do flerte com os eletronicos: "Keep it dark".

Com a carreira solo se juntando ao Genesis, Collins começa a repetir um padrão tecnico que seria uma de suas marcas registradas: os Fat Flams. Seria frases feitas em unissono pelas duas mãos. Exemplos:
* "Intruder" (Peter Gabriel III)
* A virada inicial de "In the air Tonight"
* Virada inicial de "I Wish would rain down"
* Virada inicial de "Easy Lover"

Outra marca registrada é uma virada que sempre aparece nos shows: mão esquerda no prato de ataque fazendo uma espécie de "preenchimento sonoro" enquanto a mão direita "passeia" pelos tons fazendo melodias.
Exemplos: "Fading Lights" versão The way we walk (4:05)

Na decada de 80, Collins assume sua "veia eletronica". Mas não simplesmente batidas idiotas, mas uma batera bem trabalhada, como só ele sabe fazer. :
* "Silver Rainbow"
* "Mama"
* "Sussudio"
* "Take me Home"
Ele também mistura os dois kits: um momento é eletronico, outro é acustico:
* "Living Forever"
* "Only you know and I know"
* Os climas de pratos e as "viradinhas simples" em "Hold on my heart".
E o efeito "reverse" que também é uma marca, imitado a exaustão até hoje:
* Virada inicial de "Only you know and I know"
* "Oughta know by now"

Enfim, são várias facetas de um baterista fantástico.

Pra mim, o top de gravações do Collins são as seguintes (*sem ranking, ok?):
Genesis:
a) Keep it dark (pede pro seu baterista o o seu tecladista reproduzir ou programar isso: 2:04)
b) The lady lies (as acentuações de caixa-bumbo e ride aos 0:50 são loucas)
c) Duke travles-end (no coments)
d) Turn It o n again (1:19 até 1:33 - Se o seu batera toca essa parte sem errar, confie nele!)
e) Silver Rainbow
f) TODO O "GENESIS LIVE" E O "THE LAMB" DEVERIA SER ESTUDADO NOTA POR NOTA POR TODO BATERA COM O MINIMO DE VERGONHA NA CARA. rsrs
g) The battle of epping forest (Collins brilha nessa faixa... se liga nesse frase safada de hihat aos 4:46. Outros faria um milhão de notas, ele só faz "Tshi Tshi" e vai pro abraço.
h) Cinema Show (no coments... e ainda dizem que Deus não existe.)
i) Dance on a Volcano
j) LOS ENDOS!!!!!!
l) Living Forever (dos 4:11 em diante é pura classe!)
m) Hold on my heart (que virada! que virada! 0:00)
n) Fadding Lights (se seu batera toca o que vem depois de 6:50, ele não é desse mundo...)
o) Wot Gorilla?

Solo:
a) We wait and we wonder ( a virada aos 3:35 é fantástica mesmo sendo simples)
b) Please Com out Tonight (só o som do prato de condução vale essa musica)
c) I wish it would Rain down (lindo groove...)
d) Colours
e) Saturday noght and sunday morning (Olha o Jazz ae!!!!)
f) Love Police (a frase aos 2:56 é muito "Toma essa virada ae e cala a boca"... rs)
g) River So wide (Tribal de tirar o folego)
h) I the air tonight (No coments)
i) Behind the lines (a batera é a marca dessa musica)
j) Hand in hand (Vai dizer que quando a musica chega aos 3:58 tu não prende a respiração? e a virada do break? cacete, o cara é f...)
l) I cannot believe its true (Virada perfeita no começo, groove classudo, as quebradas aos 3:10 e as 3:18 são coisas raras de se ver num batera pop).
m) It dont matter to me (a pausa aos 3:50 deixa a musica no ar...)
n) I dont Wanna Know (O massacre no bairro "Collinês" começa aos 2:06, mas as viradas que ele dispara aos 2:40 mandam o ouvinte ao chão)

Agora, se ele só tivesse gravado uma unica musica e ela tivesse sido a "Woman in Chains" Do Tears for Fears, seu legado estaria assegurado. O que ele faz aos 5:30 é GENIAL.


É isso galera. É uma visão pessoal de um dos bateras que eu mais gosto de ouvir.
Um verdadeiro artista.

A[]s.

5 Comments:

Anonymous Isabela Abes Casaca said...

Tiago, muito bom o seu texto.

Apesar de ser leiga quando o assunto é bateria, assino em baixo nas suas indicações, essas músicas são mesmo marcantes e com sons singulares.

11:18 AM  
Blogger Unknown said...

Tiago, muito bom o seu texto.

Apesar de ser leiga quando o assunto é bateria, assino em baixo nas suas indicações, essas músicas são mesmo marcantes e com sons singulares.

11:19 AM  
Blogger Beth said...

O texto todo é fantástico apesar de que, como a Bela, também não entendo nada do lado baterístico dele. Mas, entendo, sim, dos momentos em que ele me arrepia e eu penso: "Putz, eu queria aprender a tocar bateria, só pra tocar 'isso'" (como se fosse tão simples assim, rs).

Mas o que mais me divertiu no texto foi vc ter incluído na seção "Prestem atenção", justamente a Hold On My Heart, que tanta gente que diz que o Phil é acima de tudo um grande baterista, entorta o nariz e renega como música do Genesis, dizendo que ela é puramente Collins-solo, baba, mela-cueca, etc... ;-)

7:13 AM  
Blogger CNavarro said...

adorei o seu texto, Tiago - mesmo não entendendo esse lado batera tão apurado!! Como as meninas aí de cima disseram, achei formidável o seu olhar (ou diria ouvido?!) aberto e sem preconceitos, se a música é dita obra-prima ou baba. Tá valendo tudo, realmente!! Afinal, é nesses momentos que, tendo um especialista por perto, acaba nos esclarecendo que nem tudo é assim tããão fácil e automático. Há qualidade nos grandes e pequenos trabalhos!! Abs e parabéns!

7:47 AM  
Anonymous Anônimo said...

Sensacional o seu Artigo!
Lamentavel ver esse grande artista ser colocado de lado quando se fala em bateria...com a maioria repetindo auomaticamente ''Neil peart'',''Portnoy'' como ''inventores da roda'',,é muito desconhecimento rolando...
E olha que vc nem analisou BRAND X (quanta encrenca,hein?hehehehe)
Parabéns e muito obrigado ,irmao!!

2:39 PM  

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