Felling X Emoção
Conversando com Josué Lopez antes da apresentação do Cambapé, ele me disse o seguinte:
- "Cara, muito legal o que você fez naquele dia em que tocamos o "A Love Supreme": você explicou um pouco do ambiente e da vida do autor (Coltrane) e também o conceito do disco. Eu sempre faço isso nos minhas apresentações: sempre tento passar pra galera um pouco da minha concepção de fazer e tocar musica, pois isso aproxima a platéia da mensagem que você quer transmitir".
Aquelas palavras se mostraram certeiras, pois hoje a tarde, lendo um livro me vieram os seguintes pensamentos:
a) Podemos sugestionar nossos ouvintes com as histórias por trás de nossas músicas: Só em dizermos o titulo de uma música já faz o publico construir imagens mentais: A obra de Debussy "La Mer" (O Mar) pode fazer alguém imaginar um mar, mas se trocarmos por engano para "La Mère" (A Mãe) a mesma musica nos faria imaginar duas coisas distintas. O que me fez pensar: O que a música transmite realmente?
b) A música não transmite NADA por si só: uma musica excelente pode ser arruinada por uma interpretação fraca. O que na realidade acontece é que a Música é como um carro, dirigido pelo Artista numa estrada que é construida por ele mesmo, e que dura um longo processo, estrada chamada Interpretação: o fim da estrada é o Publico e o que carregamos no carro se chama Emoção.
c) Diferente de "Sentimento" (que chamamos erradamente de "Felling"), a Emoção é o que conecta a mente do artista com a mente do mundo. O sentimento é algo que depende de nossa relação com o mundo que nos cerca, depende de nosso histórico familiar, cultural e geografico e também do momento em que vivemos (por isso a musica que gostamos HOJE poderemos não gostar AMANHÃ, pois sentimento é superficial...). Já a Emoção é algo que está no interior do artista e é ela que é alcançada quando ele transcende a arte e se mescla com a música que ele interpreta se transformando num só, é uma busca solitária e árdua e como diz o mestre Kiko Freitas, ela é alcançada com uma "tomada de consciência", podendo assim, permitir o artista apresentar a sua "Verdade".
d) Os verdadeiros artistas não "sentimentalizam" as platéias (como vemos muito por ai...): eles as EMOCIONAM.
O sentimentalismo é brega, a EMOÇÃO é transcendente.
...
Depois disso, disse pro Josué que se faz necessário mudar a concepção que está instaurada na mente das pessoas (em algumas localidades, se faz necessário ressaltar) de que uma apresentação é um "show" de pancadaria musical - realidade que eu mesmo por ignorancia já abracei durante muito tempo e que hoje abomino.
Ele, com a calma peculiar dos grandes me disse:
- Cara, essa mudança começa em vocês. Eu e vocês somos os responsáveis por mudar isso.
"Seja a mudança que você quer pro mundo".
Mahatma Gandhi.
Bom fim de semana a todos.
Um grande abraço!
t.
(O nome do livro é "Música, mente, corpo e alma" de Monique Aragão)
(Se puder, ouça o album "A Love Supreme" de John Coltrane e "Emotion & Comotion" de Jeff Beck)
2 Comments:
Adorei o post! Quero muito ir na sua próxima apresentação... Como disse antes, não duvido do seu talento!!!! Só estou bastante lesada ultimamente, rs
Beijinhos
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