Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

domingo, março 10, 2013

Me faltam palavras pra descrever a minha decepção com a "Igreja" depois da "entrevista" que todos já devem saber qual é.
Pensei na hora que eu devo estar sendo chato demais, relativista demais. Parei. Pensei que devo ter uma certa alegria secreta ao nadar contra a maré, mesmo estando completamente "sujo" nesse rio. Mas... não foi suficiente pra me fazer mudar de idéia com relação a unica coisa que passou pela minha cabeça depois de ver os post que inundaram o Facebook (talvez pelo fato de que tenho um monte de adicionados "cristãos") e que foi a seguinte conclusão:

Acho que se eu não tivesse religião eu NUNCA escolheria o Cristianismo na atual situação em que ele se encontra aqui no Brasil atualmente.
As exceções não seriam fortes o suficientes pra me fazer mudar de ideia nessa condição hipotética.

Confesso que estou confuso com relação a estrutura da fé que eu sirvo. Um monte de pessoas defendem que não devemos olhar pra pessoas, que não devemos olhar pra estruturas, que devemos olhar praquele judeu que nasceu a dois mil anos atrás, mas, cá entre nós... o judeu passou longe de tudo o que está acontecendo. E ao olhar pras pessoas que estão nesse barco... me decepciono muito. Como as pessoas podem ser tão "pequenas"? como elas se superam na tosquice? Será que é isso mesmo? O pior é ver como os cristãos comemoraram algo que deveria ser apenas um acontecimento como outro qualquer. Uma simples entrevista virou um marco central na nossa pseudo "luta contra o Mal que inunda nossa sociedade". Pessoas vibraram, outras cuspiram na televisão, outras oraram enquanto o "Malafa" estava falando, outras bufavam de raiva pelo suposto "nazismo" exalado pelo entrevistado.
Mas... e ai? Sua vida mudou com isso? o Cristianismo mudou com isso? Não. Continuamos sendo tachados de ignorantes, pois, nós estamos no mesmo barco que o "Malafa".

Pessoas se esquecem de pontos básicos da nossa fé.
Somos chamados para servir. E quem serve deve ser orientado e deve entender que seu papel é o de ouvir e obedecer. A questão é que estamos em tempos que TODOS temos opinião, mesmo que ela seja diferente da do pastor. A pergunta é: e quando discordamos do líder? Nós não estamos percebendo, mas estamos fazendo exatamente o que Nietszche (aquele filósofo que os cristãos mesmo sem ler uma linha odeiam) queria que fizéssemos: Que tivessemos voz, que tivessemos opinião, que não fossemos ovelhas e sim pastores de nossos caminhos e defensores de NOSSA opinião. Que fossemos os "superhomens". Entretanto, o Cristianismo na sua essencia é submissão, é obediencia, é morte da Vontade, é abandono, é ouvir e calar. É uma religião de fracos. Sim! de FRACOS! E é assim que deve ser. Se eu quisesse uma religião de fortes leria o Mein Kampf.

Isso foi falado ontem?

Ontem falamos de gays, de politica, de leis, de "não aceito", de UFC filosófico, de "Gabi tomou na cara", de "malafaia nazista", de dinheiro... enquanto isso... Eu estou perdido aqui e essa entrevista não me fortaleceu em nada. Não sou um torcedor. Não sou um nazista. Sou um pecador perdidão que busca corrigir meus caminhos com muita dificuldade. O debate apenas piorou as coisas para nós, pois mostrou como o Cristianismo não é uniforme. É cada um por si. As pessoas que fazem parte dele discordam em tudo. É uma casa dividida. Uma religião que não se sustenta. Uma estrutura fraca, pois as pessoas que estão nela ao invés de levar a paz levam a guerra, a discordia, o desentendimento, a polêmica, a chatice, o desprezo, o escandalo e mostram a filosofia barata que sustena o seu caminhar. Como buscar a paz numa religião onde os "irmãos" brigam entre si, brigam com os outros, se alegram com um espetáculo patético aonde um pastor mostra suas opiniões e outra pessoa rebate num vai e vem interminável e o populacho vibra como numa arena da Roma dos imperadores?

As pessoas que curtiram a entrevista vão defender basicamente esses pontos de vista:
a) Precisamos mostrar nossas opiniões para o mundo, pois a Igreja não pode ficar parada e ver o mundo se despedaçar! O "Malafa" foi o canal de Deus para que isso acontecesse! Agora o mundo sabe que temos poder e força nas nossas idéias!
b) Deixa de ser chato! Cada um mostra suas opiniões e você não tem nada a ver com isso... afinal, vc está postando sua opinião aqui, não é?

As que odiaram vão dizer o seguinte:
a) Malafaia nazista! Preconceituoso! Abominável!
b) Uma religião que precisa de um pastor defendendo seu spontos de vista num programa de entrevista não merece lá meu respeito.

É... Nunca chegaremos a um consenso.
O cristianismo teve o que os antigos chamavam de 'vítoria de Pirro': uma vitória que custou um monte de derrotas e que no fim das contas não valeu a pena. O que cresceu não foi o respeito pelos nossos pontos de vista. O que cresceu foi a discórdia. O que cresceu não foi a potencia de nossas convicções, mas sim o fato de que a "Luz" está sendo defendida por pessoas que não são exemplos muito "iluminados". Não quero reconhecer que estou numa religião que precisa ser defendida por uma pessoa que é mal vista por receber milhões e cujo apelido mais carinhoso é "nazista".
Jesus seria chamado de nazista? Jesus iria num debate pra falar sobre Leis?!?! Jesus seria acusado de ter muita grana? Jesus é isso ai?

No momento que uma pessoa pede para que "o Deus que ela acredita me perdoar", eu não teria nenhuma resposta a isso. Eu entenderia que nada do que eu falei tocou o coração dela. Quando jesus falava, a sua simplicidade e o seu poder eram tantos que as pessoas não sabiam o que responder. Paulo era tão fanático que quando ele defendia um ponto de vista, até mesmo pessoas irrdutiveis diziam: "Cara... tu tá quase me fazendo mudar de idéia..." Não foi isso que eu assisti ontem. E independente de que falem que ela não estava aberta a isso, e que ele é um fundamentalista, continuo pensando: pra que isso tudo?

Você tem todo direito de discordar de minha opinião, assim como tem o direito de discordar e se calar, pois polêmicas não vão ajudar em nada. Esse texto não é um desabafo nem estou direcionando ele para alguém em especial. É apenas um texto, mas essas são as minhas ideias, é a mnha fé. E estou pronto para alterá-las se a autoridade que me sombreia achar que elas são uma ferida pro rebanho que eu, uma ovelha toda manchada faço parte.

Não quero dizer se foi bom ou ruim o que aconteceu ontem. Apenas reflito sobre o futuro...

A igreja luterana realmente vacilou ao lidar com Adolf Hitler. Ela ignorou a voz de Deus que avisava o perigo do cara com 'bigode engraçado". Ela se me teu em discussões politicas e quando acordou já era tarde: judeus mortos, pastores presos e um louco solto incendiando a Europa. Mas... era pra ser diferente? Não sei. Em História não trabalhamos com 'E SE...".

E pra terminar esse texto gigante, vou compartilhar com vocês algo de cunho intimo. Estou lendo muito um cara chamado Bonhoeffer. Num de seus escritos ele mostra o que ele acha sobre a Igreja e o Estado. Para ele a Igreja deve "ajudar" o Estado a servir a população; ela também deve ajudar as vítimas que sofrem as ações do Estado; e por último, a Igreja não deve apenas fazer curativos nas pessoas torturadas pela roda (uma metáfora a um instrumento de tortura) do Estado: A Igreja VERDADEIRA deve TRAVAR A RODA.

Em tempo:
O cara era um dos mais importantes teólogos do século XX e era um pastor pro-ativo que não tinha tempo para administrar um império, nem ir em programas de televisão, nem apoiar parentes na política, mas tinha tempo de tratar crianças orfãs, de estudar, de pastorear, de tropeçar e voltar atrás e para defender o que achava que era certo. Ele não tinha que se explicar pelso milhões que "ganhava" e nem poderia ser chamado de nazista.

E esse mesmo cara foi enforcado a pedido do proprio Adolf Hitler porque participou de um complô para matá-lo.

Finalizo com uma frase desse mesmo PASTOR, mostrando algo que passou longe do Malafa e da Gabi:
"O Cristianismo prega o valor infinito do que aparenta não ter valor e ainutilidade do que aparenta ser valioso".

Queria tanto que fosse o Bonho naquela cadeira ontem...
Sem mais.