Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Afirmando a conjuntura da Simática da menosquência no processo de Encrespação Capilotônica

Aula de História das religiões na faculdade. A discussão é sobre os primordios da religião indiana. "Rig Veda", "Upanishades", "Buda", "Essência", "Ser", "Anima", "Plenitude", inumeros conceitos são delinhados durante a conversa. O professor parece um daqueles sábios judeus que passam horas lendo o Talmude sem se preocupar com a passagem do tempo a sua volta. Os assuntos são conectados com uma facilidade absurda por ele - a fala não se interrompe com facilidade - tudo é fluido e manso, como um mantra: Do Iraque ao mapeamento do genoma, da transubstanciação a novela das sete, o cara é uma enciclopédia ambulante, mas sem parecer chato ou pedante. O cara tinha levado a filha pra assistir a aula. A menina devia ter uns dez anos.
Observo as figuras que estão ali, naquela sala assistindo a aula. Me perdoem a distração, mas eu já tinha lido o livro do professor duas vezes (afinal.. ele é o meu orientador de monografia...rs), portanto, a matéria me era familiar... Ultimamente ando meio sem paciencia com as pessoas... Quer dizer, não com as pessoas em si, mas com as atitudes das pessoas em relaçãos as coisas que as rodeiam... Mas isso é outra história (se bem que não precisam ficar preocupados com isso... estou numa boa... rs).
Um dos alunos faz aquela cara de "tô te entendendo...", com a mão em forma de arma transpassada no queixo e chegando a bochecha numa diagonal, balança a cabeça a cada afirmativa do professor, como se estivesse concordando com tudo o que ele diz. Deve ser muito culto, ou muito bobo. Uma menina dorme apoiada no braço com uma garrafa de Guaraviton quase vazia em cima da mesa. Outra olha o relógio e resmunga algo inteligivel. deve ser um mantra também. Um deles interrompe o professor com uma daquelas tiradas que faria Paulo Freire pular sobre a mesa eesmurrá-lo com vontade com um de seus livros.
O professor estava dizendo que...
- Um pastor certz vez disse que a Bíblia era o livro que mais salvou pessoas na história... entretanto, eu contestei... Putz... o conjunto de conceitos oriundos de Buda - não se esqueçam: que contestava toda a doutrina dos antigos escritos chamados "vedas" - também "salvou" muitas pessoas do sofrimento - pelo menos o sofrimento terreno...
A besta em forma de aluno diz:
- Professor... então podemos dizer que a doutrina de Buda salvou pessoas do sofrimento assim como a Bíblia?
Silêncio na sala.
Eu me ajeito na cadeira e olho de forma desesperançosa para o professor. Ele entendeu o recado e ignora o ignobil...
- Continuando alunos....
O cara ficou com cara de "Buda"...rs
Mas o que mais me intrigou e a real intenção minha ao escrever esse post foio seguinte: num determinado momento da aula, a discussão passou a ser a origem do homem e consequentemente a do Universo. Darwin, espaço tempo, genoma (não falei que o cara era uma enciclopédia ambulante?), Quarks, fotons, teoria do "Arquiteto divino"- os alunos foram ficando afoitos... - questionamentos sobre o momento primordial, sobre a temperatura do cosmo ser praticamente igual em pontos separados por distancias absurdas, a curvatura da luz pela ação da gravidade defendida por Einstein - os alunos deliravam: um deles quase babou ao dizer que Darwin conjecturou suas ideias nas ilhas "Gallactas" sendo prontamente corrijido pela turma numa mistura de risadas e gritos em coro: "Galápagos! Galápagos!".
Enfim. Meros mortais discutindo sobre o Universo.
Nesse momento, precebo que uma aluna (como sempre as mulheres são fabulosas não é mesmo?) começa a olhar impacientemente pro relógio. Olha uma vez. Outra.
De novo.
Ela resmunga.
E olha.
Eu reparo aquilo e percebo, mesmo sem relógio duas coisas: ou a aula acabou ou ela quer ir embora.
O professor olha pra ela e pergunta:
- O que foi? acabou a aula?
Nisso a filhinha dele, que estava csentada com as pernas entrelaçadas como se estivesse "se segurando", levanta. Ele pergunta:
- O que foi filinha?
Ela responde sorrindo...
- Adivinha?...
- Ah... fala minha lindinha... vem cá...
Aquilo acabou comigo.
E me fez pensar.
Se o cara não consegue entender os sinais de uma aluna impaciente com a aula que ultrapassa o horário e pior: não consegue entender a linguagem corporal da filha querendo ir ao banheiro... Como esse cara acha que pode entender o origem do Universo?
As vezes nós, os humanso somos bem estranhos.
E pretensiosos também.
Como diria alguém (que eu não lembro (mas sei que era um daqueles iluministas... acho que Voltaire), mas acho q eu li essa citação numa história em quadrinhos....rs):
"O ser humano tem a pretensão de achar que tem o direito de existir".
[Pessimista isso né?....
Prometo que o proximo texto vai ser mais alegre, afinal... coméedia é o que mais acontece!
Um abraço a todos!]

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Escrevendo com mais freqüência? Que bom... estou sem tempo agora para um comentário decente, mas depois eu escrevo aqui...

12:40 AM  

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