Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

sexta-feira, setembro 06, 2013

Hã?!?! ZZZZZZZZZZZZZZZZZZ



Alguns dias atrás passei por uma experiência muito doida...  Sabe quando você acorda de madrugada “do nada”, fica desperto alguns segundos e depois volta a dormir?
Pois é. Aconteceu comigo, mas de uma maneira diferente.
Geralmente leio antes de dormir, isso lá pelas duas da manhã. As vezes quase três. E lembro que nesse dia não li nada de assustador, nem vi filme de terror, nem comi nada “pesado” nem estava preocupado com algum compromisso a ser cumprido. Estava relax.  E óbvio que não uso drogas nem substancias que buscam alterar minha percepção. A não ser que Toddy se enquadre nessa categoria e eu não to sabendo. Só sei que de madrugada (quase manhã, devido o horário), acordei sobressaltado e com um pensamento martelando minha cabeça:

Eu vou “viver” eternamente.

Tá bom... tá bom... é meio idiota... Eu sei... Mas nunca tive uma sensação tão "ruim" quanto a que tive naquele momento. A situação não chegou a durar meio minuto, mas tive uma sensação de agonia incrível. Não sei se “agonia” é a palavra certa... Acho que seria “angústia”. Sim! Angústia...  Lembrei de Kierkeegard... mas foi uma angústia diferente. Angústia por pensar que daqui a dez milhões de anos, eu ainda vou estar consciente. Ai fica a pergunta: será que eu realmente quero isso?  Na hora, senti um calafrio que não consigo explicar agora, a sensação foi indescritível. Nunca tinha passado por isso dessa forma, embora, esse tipo de pensamento bizarro não fosse novidade pra mim (quer saber mais? Leia http://migre.me/fYgNR), e repare que geralmente isso acontece antes de dormir.
Vou tentar explicar o que pensei na hora e as implicações desses questionamentos.
Se formos simplificar, sem frescuras, existem apenas duas hipóteses com relação a vida “pós-vida” (ê coisa complicada...): uma é que nossa consciência permanece mesmo após a morte do corpo, ou seja, “viveremos eternamente”; a outra, é que nossa consciência é aniquilada. Fim. Zás. Cabô. Cataploft. É o famoso “empirulitar-se desse mundo”, numa definição “Mussum” (a citação vem desse vídeo, mais precisamente aos 0:25 segs. [http://migre.me/fYgTx]). Tanto uma quanto outra se analisadas friamente são absolutamente... desesperadoras.
A muito tempo atrás, não me lembro mais onde, li que o cérebro humano tem dificuldade em analisar determinados conceitos filosóficos e a eternidade é um deles. Nosso cérebro não foi feito para racionalizar a imortalidade, pois não consegue formular uma linha de continuidade definida para ela e pra tudo o que pensamos, precisamos de “início-meio-fim”. Spinoza, um dos grandes filósofos do século XVII escreveu que temos uma parcela de “Deus” em nós, mas mesmo assim, nunca conseguiremos chegar a um pensamento abastado sobre determinadas questões. Elas nos são impossíveis, pois temos “Deus” em nós, mas, lembrando Platão, nós imperfeitos, não poderemos nunca chegar a domínios perfeitos de consciência. Traduzindo esse blá blá blá, nós precisamos sempre de um ponto de partida e de chegada definido. Um eterno “devir” não satisfaz nossa reflexão. E pensar que daqui a um milhão de anos, você continuará você... É meio estranho. Os cristãos (patota que eu me incluo) às vezes não sabem o que realmente querem com esse papo de “vou morar no céu”. Todo mundo conhece os pensamentos cristãos sobre eternidade, que iremos para um lugar melhor, aonde não haverá morte nem dor e por ai vai. Mas... O que faremos lá? Cantaremos eternamente? Trabalharemos? Voaremos de um lado para o outro? Durante quanto tempo? Estaremos com Deus, mas... Teremos objetivos de vida? Afinal, como será a vida nessa nova realidade? Não acho heresia pensar sobre essas coisas, mas acho extremamente confuso definir o que faremos do outro lado, assim como não consigo entender a viajada que os teólogos embarcam na busca por compreender o livro de Apocalipse (mas isso é outra história, que um dia, quem sabe, eu conto). Por isso, “fecho” com o bonde do Tertuliano (160-220 D.C.), um dos grandes teólogos da igreja que defendia o “credo quia absurdum” (creio por que é absurdo). Acho que dizer que não se consegue refletir sobre algo com clareza também é usar de consciência e razão e eu sou um dos que prefiro esperar e ver o que vai acontecer no Paraíso. Mas, confesso que a ideia de que minha consciência NUNCA vai se apagar me dá calafrios. Eu nunca vou apagar. Sempre vou estar aqui. Eternamente. Viverei de novo. E de novo. E de novo. Pra sempre. De novo. E de novo. Pra sempre. Eterno. E de novo. E de novo.

Agora, vamos pra outra parte desse pensamento. Sabe quando você tem aquele sono sem sonhos? Quando você literalmente “apaga” e acorda no dia seguinte? É exatamente isso que vai acontecer quando você morrer, segundo alguns. Numa conversa, um amigo meu, ateu ferrenho e proselitista, me disse que morrer é como “estar em coma num hospital que desaba”, ou seja, nunca sairemos e nem saberemos o que nos matou. Essa hipótese também me dá calafrios, porque imagina só! Morreu... Acabou. Não terei lembranças, não lembrarei de nada, não terei consciência. Alguns dizem: mas você só tem consciência a partir do momento que nasce... Cristopher Hitchens (aquele que amava a Madre Tereza... hehe) pergunta em seu livro Deus não é grande: onde estava sua consciência quando os dinossauros foram extintos? Se você não estava lá, e pode perfeitamente não estar quando o ser humano chegar em Marte. O Richard Dawkins inicia seu livro Deus: um delírio com a seguinte frase “Não é o bastante saber que o jardim é bonito sem ter que acreditar que te fadas nele?”, ou seja, pra ele viver e buscar fazer isso da melhor forma possível é melhor do que ficar divagando sobe o lado “Ghost” da vida. Logo, como nossa percepção de mundo vem das ligações neurais, sinapses, pulsos elétricos somados ao pleno funcionamento de nossos sentidos e nossa capacidade de raciocínio, quando a energia acabar, nossa consciência também se esvairá e pronto, como na ultima frase do androide no filme Blade Runner, “todos esses momentos se perderão como lágrimas na chuva”. (Assista! Assista! Assista! http://migre.me/fYile)

Depois disso tudo, volto ao inicio do texto, que já tá grandão e precisa terminar.
Acordei sobressaltado e pensei: eu não quero “apagar” para sempre... quero viver... Mas... a ideia de eternidade me esmagou, pois sei aonde eu quero estar quando os dias eternos chegarem, mas também sei aonde não quero chegar e tenho medo de que meu destino seja estar perdido pra sempre. Se estou falando de inferno? Pode ser... Mas creio que estou me referindo a um inferno diferente. Orígenes e o teólogo Gregório de Nissa achavam que o inferno era um lugar de separação de Deus — de sofrimento espiritual. Santo Agostinho achava que Inferno era sofrimento tanto físico quanto espiritual. Uma vez, não me lembro quem nem onde, me disseram que o inferno era um lugar de solidão, de separação, tanto de “Deus” quanto das pessoas que amamos. Não sei se Deus pode realmente “não estar” em um lugar, por isso, me abstenho de estender meu pensamento sobre a questão. Mas realmente, estar separado das pessoas que amamos é um Inferno mais feroz do que qualquer fogo que nunca se apaga.

Todas essas questões desabaram na minha cabeça como um paredão de água que durou alguns segundos mas que foram suficientes pra me angustiar.
Mas os seres humanos são troços tão toscos que depois disso tudo...

...Voltei a dormir.

1 Comments:

Blogger Luiz Fabiano de Freitas Tavares said...

Pensar nas perspectivas da infinitude é sempre agoniante para nossa mente finita...

9:42 PM  

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