Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

domingo, setembro 11, 2005

Cegueira (parte III)


A Ilha de Páscoa é um território fabuloso. Segundo Erich Von Daniken, os primeiros navegadores europeus não acreditaram no que seus olhos viram quando chegaram na Ilha durante o século XVIII: nesse pequeno espaço de terra, e a 3.600 quilômetros distante da costa do Chile, centenas de estatuas de dimensões imensas estavam irregularmente semeadas em toda parte. Nessa ilha, a Lua e as estrelas eram mais familiares do que qualquer outra terra. Mas o que mais chamou a atenção dos europeus além da estrutura colossal das estatuas foi um fato bizarro.

Não havia uma única arvore na ilha.
Nenhuma.

O estudioso Jared Diamond no seu livro “Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”, chegou a seguinte conclusão: a causa do colapso da ilha foi justamente o seu sucesso.

Hã?!?!

Isso mesmo. Para ele, “O sucesso cega as pessoas para os riscos do seu próprio comportamento”. Os mesmos valores que podem levar um povo (ou alguém) a ascensão, podem levar a ruína. E geralmente, o sucesso precede a ruína... O que aconteceu na ilha foi o seguinte: as arvores foram derrubadas para abrir espaço nas lavouras, para fornecer material para a confecção de canoas e para arrastar os imensos ídolos de pedra. A progressiva destruição da mata levou a erosão do solo e a extinção de muitos animais. Os caciques, mesmo vendo a merda que estavam fazendo, optaram pelo caminho mais obvio para eles: construíram ídolos ainda maiores, com a esperança que os deuses resolvessem a crise. Resultado: a ilha perdeu todas as suas árvores e as fontes de alimento se esgotaram. A sociedade ruiu em uma série de guerras tribais e os sobreviventes tiveram de comer ratos e praticar atos de canibalismo. ? Para John Stuart Mill, filósofo e economista inglês do século XIX, se cada um perseguisse seus próprios interesses, toda a sociedade sairia ganhando.
Mas cabe aqui a pergunta: Ate onde ousar pode ser benéfico? Ousadia demais é um problema? Até onde a nossa voracidade por sucesso e realização pessoal podem nos cegar e direcionar nossos passos para a nossa própria ruína?
Pensem nisso.