Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

sexta-feira, setembro 02, 2005

Elogio da Loucura


Leitura do momento: Elogio da Loucura (Erasmo de Rotterdan 1467-1536).
O livro é fabuloso, sarcástico e inteligente. Situado no período anterior à Reforma Protestante e inserido no clima renascentista, o livro trata de uma espécie de defesa da Loucura. Segundo o livro, toda a alegria do mundo provém da loucura, assim como as ferramentas para suportar esse mundo e suas complicações:
“E, de boa fé, qual é o mortal que quereria sujeitar-se ao casamento se tivesse antes, como homem sensato, os inconvenientes desse estado? Qual a mulher cederia às demandas amorosas de um homem, se tivesse pensado a sério nos incômodos da gravidez, nas dores, nos perigos do parto e nos trabalhos penosos da educação? Ora, já que deveis a vida ao casamento, e os casamentos são formados pela Demência que pé uma de minhas seguidoras, julgais quantas obrigações me deveis! Além do mais, se uma mulher experimenta de uma vez esses incômodos, poderia ela expor-se a eles de novo se na minha amiga deusa do Esquecimento não espalhasse sobre ela suas influencias?”.
“De fato, se excetuarmos as rugas e o número de anos, há dois seres que se assemelhem mais do que o velho e a criança? Ambos tem cabelos escassos, uma boca sem dentes, um corpo raquítico; gostam de leite, gaguejam, tagarelam; a tolice, o esquecimento e a indiscrição, tudo contribui para formar entre essas duas criaturas uma semelhança perfeita”.
E finalizo com uma das frases mais bombásticas do livro, e que realmente correspondem com a realidade: “A vida mais agradável é a que transcorre sem nenhuma espécie de sabedoria”. Realmente se analisamos friamente, quanto mais conhecimento um homem possui, mais cinza a vida se apresenta. O conhecimento seria como uma caixa de Pandora - se aberta, todos os males se apoderam do mundo real. Assim como a perdição da raça humana veio da simples curiosidade por conhecimento de Eva e da conseqüente derrocada de Adão, a nossa busca incessante por conhecimento nos leva a caminhos nem sempre progressistas. A sabedoria tem a capacidade de entristecer os corações mais saltitantes; com seus dados estatísticos ela pode desmontar todo um mundo de utopias e estabelecer seu edifício racional, sustentado por teorias, formulas, hipóteses e experimentações. Com certeza, as risadas são mais abundantes nas casas de pessoas simples do que nos gabinetes de cientistas. Até mesmo Aquiles, o grande herói grego disse já no seu descanso pós-morte que preferia viver como um camponês rústico a remexer a terra e a mirar seus olhos para o infinito sem pensar em absolutamente nada, do que viver a sua vida heróica recheada de batalhas, destruição, gritos de terror e glória.
Glória?
Como disse certa vez o rei Salomão, “quanto mais sabedoria, mais tristeza”.

Às vezes me pergunto se ser ignorante é muito mais prazeroso do que ter uma mente como a de Einstein. Embora o velhinho pudesse enxergar beleza no movimento curvilíneo da luz, uma pessoa simples consegue enxerga beleza até mesmo na sua burrice.
Ainda bem que ultimamente tenho me considerado bem burro.