Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

terça-feira, junho 19, 2007

Corre Forest! Corre!


Meu irmão criou uma comunidade no orkut chamada: "Eu tenho um amigo Forest Gump".
O endereço é:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33953357

E a introdução da comunidade é assim:
"Esta comunidade é destinada à pessoas que são amigas de certos indivíduos muito criativos na hora de contar algum fato de sua vida. Relatos esses que normalmente seriam simples, se tornam obras-primas da dramaturgia modernista. Encantando uns, divertindo outros.
A questão é: Quem não tem um amigo mentiroso?
O pegador, que se der mole até a mãe dele entrou na roda; aquele tem um tio que sempre o livrará de um infortúnio e o encaixará na Marinha, Aeronáutica e na NASA sem o menor esforço ou aborrecimento; o rebelde, aquele que se diz indepente e além de tudo ateu, mas é obrigado a estar nas missa de domingo por seus pais; e por aí vai...."

Participe e compartilhe as pérolas que você já ouviu de um amigo Forrest Gump".

Deu pra notar que genialidade vem de familia né? rsrs

Sim.
Eu também tenho um amigo Forest Gump.
Na realidade, eu tb já fui um Forest Gump de primeira... Sério!
Quando criança, eu era perito em criar histórias mirabolantes para escapar de melecas que eu mesmo tinha feito. Por exemplo. Uma vez, disse para um coleguinha meu de escola dominical que tinha um grande segredo escondido. Ele ficou o culto de domingo inteiro me pertubando para saber o que era. Até que revelei: eu já tinha sido "adulto" uma vez.
Assombro do meu amigo.
-Como é que é?!?!?!
-Simmmmmm Junior! Eu acordei grande um dia! Vivi como adulto um ano inteiriiinho! Até casei!
-É mesmo?!?!? - Meu amigo tinha embarcado nessa.
Aha! Uhu!
-Mas eu decidi voltar a ser criança. O mundo adulto era muito chato.
-AAHHH táaaa...

"O mundo adulto era muito chato".
Eu era um profeta e não sabia. rsrs
Agora a pior.
Na primeira série, durante uma aula, eu passei por uma situação fabulosa. Eu me lembro q estava fazendo um pouco de bagunça (bom, eu devia, por que realmente eu naum me lembro de muita coisa daquela época...) na sala. Eu sempre fui um daqueles alunos que sempre escapavam das punições por causa desse meu jeito "sonso" de ser... sabe aquele aluno que não "fede nem cheira"? Não era o melhor da turma (exceto em História, claaaaro...rsrs), mas também não tirava péssimas notas, nunca fui escolhido pra representante, nunca ganhei concurso de poesias, nunca me elogiaram pra todo mundo ver, nunca ganhei olimpiadas de matemática, enfim, era um aluno "mediano". Só lembro que a professora Rosane me pegou pelo braço e me colocou na cadeira.
-Senta aeeeeeeeee...
-Humpf.....
Quando cheguei em casa, um plano diabólico se desdobrou na minha mente: eu tinha que fazer a professora pagar... SIM! Ela sofreria por ter me tratado daquela maneira! Ela me jogou na cadeira! Isso!!! Estava com meu braço doendo até agora! É... Hum... Ha Ha ha... Aquela bruxa... Ela vai se ver com minha mamãe... que vergonha pra ela! que vergonha! Ha ha ha aha!!! (nossa até me babei...rsrsrs)

Notem que eu já acreditava totalmente na bizarrice que acabara de inventar.

Cheguei em casa e fiz todo o combinado. Mamãe acreditou. No outro dia, ela foi no colégio.
Parentesis.
Minha mãe tinha a péssima mania de ir pra todo o lugar com um lenço na cabeça (isso antes das pranchas, apliques e escovas... aquela época era conhecida como a "Era do henê"...kkk então, as mulheres se viraram como podiam...), o que aumentava ainda mais o tom de seriedade da sua fisionomia. Mamãebufava de raiva. Tinha machucado seu filhinho... ela quase chorou quando contei que
-Ai a profeçorame empurrô na cadera!
-É mesmo Tiago?!?!?!
- Ééééé.... eu quase cai! todo mundo viu mãe! todumundo!
Ela chamou a professora. A bruxa desceu.
Ops. Tinha me esquecido de um unico detalhe.
Como sustentar minha teoria com a professora ali?
Merda.
-Tiago?!?! eu te empurrei?!?!?!
-Bom...
-Que eu me lembre, eu peguei vc pelo braço e "coloquei" vc na cadeira. Não foi isso?

O mundo parou. Olhei pra minha mãe. Na distancia que eu estava, dava pra sentir o ar saindo do nariz dela. E vinha forte. Quase rasgando meu rosto. Ah que merda. O que foi que eu fiz.
-Não foi isso?!?!
- é...
- Não escutei Tiago.
Mamãe deu o golpe mortal.
-Não escutei Tiago.
-É. Acho que é.

Casa. Uma hora depois.
Splaft!Cataplof!AIIEEEEE!!!Crash!Flap!Flap!Flap!Vemká!vemká!!!!Não!Não!Crash!Plaft!Xilefti!Xilefti!

Meu pai chegou a noite. O serviço estava feito. Além de levar um nocaute fenomenal da dona Sonia, ela ainda me fez escrever uma carta pra professora. Eu soluçava. Eu chorava. Eu xongava no pensamento. Mas escrevia. Me lembro até hoje da frase mais dolorosa que minha mãe ditou. "Apanhei e sofri por minha propria culpa". Quando minha mãe ditou isso eu gelei. Era a humilhação. mesmo que só a professora lesse, seria demais. Eu chorava. Minha mãe arregalava os olhos e ajeitava os bobs que estavam fora do lugar. Pedi pra ela mudar a frase, trocar as palavras, sei lá! Colocar outra coisa. Ela viu o meu desespero e gostou disso! A frase era aquela mesmo. Como Pilatos, ela sentenciou: "O que escrevi, escrevi". No outro dia a "Tia Rosane" leu o bilhete com um ar de satisfação tipico de um espartano após mais um dia de batalha. E ainda fez questão de mostrar o bilhete (premiado com marcas de minhas lagrimas e uma mancha "petenininha" de catarro que saiu sem querer enquanto soluçava ao escrever aquilo...) pra professora ajudante.
-Lê aqui Kátia... (sinceramente, não me lembro do nome dessa outra "tia", mas deixa esse ai mesmo..."). Olha que bonitinho o bilhete.
Deu pra ver que onde ela colocava a mão pra ler o bilhete, estava exatamente a marca de catarro...

Ha ha ha ha ha!!!!

Minha vingança! Revenge! Yes!
Eu sorria, mas sem me mexer muito, por que a perna ainda estava latejando.
Dá-lhe dona Sonia.

(Sobre o texto do hospital... tenham paciencia... Que aliás, foi uma das coisas que eu aprendi aquando estava lá.)