Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

quinta-feira, setembro 29, 2005

um conto de terror (?!)


Tenho esse texto a um tempão... mas resolvi colocá-lo agora, no fim de ano, em comemoração a proximidade da prova da UERJ...
quem não é do curso vai ficar boiando, mas fazer o quê...
Um abraço!
Nova Iguaçu.
Seis horas noite.
Inverno...
Mario, o professor de geografia mais tranqüilo e educado do nosso pré-vestibular caminha em direção as escadas do QG da Fundação Educarte. Nosso herói esfrega as mãos, o frio é intenso... ele odeia isso. Ele olha pra suas mãos: estão amareladas. Ele odeia isso. Um leve palavrão sai por entre seus dentes, bem de leve, pra não incomodar seus próprios pensamentos... ele odeia o inverno,
- Tempo desgraçado... - ele diz. Ele odeia o frio.
- Eu odeio tudo...
Ele sobe as escadas. -“Odeio escadas”- ele diz. Assim como odeia alunos que conversam em suas aulas... ele sabe que se pudesse mataria todos... - “alunos de uma...” - ele diz e pára no inicio da escada, e ri de si mesmo: “-Há, há, há...” - nem ele se agüenta às vezes. Sua cabeça balança de um lado pra outro como se negasse alguma coisa, mas ela só confirma sua única idéia no momento: “-Há, há, há, eles vão ver... faltam 2 dias pra Uerj... Há,há,há, h...”. Para ele, aluno bom é aluno morto...
-Ah.. se eu pudesse... eu mataria tod... mas que porréessa?!...
Sua sessão de loucura (e de palavrões) é interrompida por uma estranha visão.
A porta da fundação está aberta.

?

Seus lábios, antes preenchidos por um sorriso incandescente, murcham para um biquinho questionador.
“- A porta nunca fica aberta...” Ele lembra que um dia ficou uns 5 minutos tocando a campainha. Pouco para uma pessoa comum, uma eternidade para Mario, o professor de Geografia mais tranqüilo e educado no nosso pré-vestibular.
Ao entrar (com o pé direito), ele se depara com uma cena digna do mais profundo circulo o inferno de Dante, uma cena que levaria consigo até os últimos instantes de sua (breve?) existência: deitados no chão frio da sala e formando um triangulo escaleno, Marcio (o coordenador), Leonardo (tio de matemática) e uma mulher que ele não conseguiu identificar devido ao rosto estar completamente mutilado. O primeiro, com sua jugular completamente dilacerada: o sangue embebia as roupas e o chão, que era todo de taquinhos muito bem organizados. Mario observou que ele trazia nas mãos o quadro de horários completamente amassado, e nos seus olhos claros, envoltos num projeto de armação de óculos com as lentes estilhaçadas, uma expressão de pavor que a morte ainda não levara... Leonardo, professor de matemática e dublê da Alcione nas horas vagas, o “marrom bombom” do curso, estava em cima de Marcio. Mario chegou a pensar uma bobagem (“hum... fizeram merda... isso que deu né?...”), pois os dois se encaixavam perfeitamente... mas seu delírio é paralisado por uma visão aterradora: as costas de Leonardo estavam completamente retalhadas, formando números e triângulos que se misturavam com os fiapos de camisa amarela que foram brutalmente rasgadas... “- Faca... tem uma faca no meio disso...” Mario raciocina friamente, mas seu raciocínio se perdeu quando ele visualizou a mulher: seu rosto estava completamente mutilado:
– “Nem mesmo Pitangy conseguiria reconstituir isso...”
Mario pensa e esboça um sorriso que rapidamente se desfaz: a moça estava com um livro de português ao seu lado, seus braços estavam com marcas roxas, a visão era terrível. As roupas estavam intactas, por mais absurdo que isso pudesse parecer para ele, mas o corpo mostrava sinais claros de luta. A posição que o cadáver (-Muito bem torneado, diga-se de passagem - (nem mesmo nessa situação ele para de pensar bobagem...) se encontrava era escabrosa... parecia que a pessoa tinha sido literalmente largada de uma altura imensa...
A mente dele não consegue captar a intensidade daquilo.
Ele sente vertigens.
Mario no auge da loucura tenta fugir daquele inferno, mas suas pernas lhe faltaram, o sangue parece que congelara nas suas veias, impedindo o mínimo movimento. Antes que pudesse organizar seus pensamentos confusos, desmaiou sobre o corpo gélido dos infelizes.
Breves segundos (que pareciam horas) se passaram, até que despertou e, ainda atormentado, viu que perto da mão da moça, o sangue tomava contornos imprecisos, mas que pareciam estampar uma mensagem, como se segundos antes do sopro da morte, a moribunda tivesse tentado escrever algo com o precioso liquido que dela se esvaia. A dor a proximidade da morte certamente tornaram dificultosa essa intenção, pois era muito difícil entender o que estava escrito, até mesmo para um decodificador de mapas como era o caso de Mario. Nosso herói foi decodificando letra por letra até que organizando a grafia desconexa, consegui identificar uma mensagem que o intensificou ainda mais seus calafrios: em sangue seco estava escrito em letras de morte:
“F... R... a.... N... c...”
Mesmo que fosse evidente que a suposta professora de português tivesse morrido antes de completar sua tarefa, os números e sinais que mais pareciam formulas no corpo de Leonardo lhe pareceram de uma clareza mórbida e inconcebível que preferia não aceitar.
Mario escutou um gemido... –“huhuhuaaaa....” - rapidamente ele associa o timbre de voz a uma pessoa muito conhecida... - “Eduardo!” - ele reconhece a voz... Era ele! O coordenador da fundação... e após isso, escutou um breve sibilar de uma lamina... seguido de um barulho seco, como um corpo que caía. Ele também escuta um arremedo de música. Uma melodia que naquele momento, foi o mais próximo do inferno que ele podia chegar:
- Você pra mim foi um sol... como uma noite se fiiiiim...
Movido pelo desespero, Mario se ergue e percebe que trazia em seu corpo o sangue daquelas pessoas, e ignorando o sabor acido que invadia sua boca, virou-se a fim de fugir daquilo... (“quem sabe ainda daria tempo de dar aula para aqueles infelizes no pré” - Ele pensa), entretanto, seus ímpetos de fuga se frustraram ao perceber a pior visão que o ultimo dia de sua vida reservara: na porta, com um sorriso insano e inexpressivo, estava ele... o louco... como um demônio fugido do interior do mais profundo e denso inferno:

Francisco...

- “Chiquinho seu filho da ...”.
A resposta, seca e insana, vinda do outro lado do ambiente corta o ar como uma lamina de um samurai.

- “Queisso.....”

No rosto, um sorriso onde a sanidade já fugira a tempos...nas roupas, além de uma rodela de suor nas axilas, sangue coagulado... seus óculos estava com gotas de sangue, como um pára-brisa tivesse espalhado o liquido pelas lentes daquele demônio.... seu corpo balançava em um ritmo frenético... na mão esquerda, um punhal que ainda gotejava... na mão direita, um bilhete, onde Mario, já rezando a todos os deuses que ele lembrou naquele momento consegui ler aquelas que seriam suas ultimas palavras:
“Tiago, você é o próximo...”

Só restou a Mario rezar. Uma ultima prece. Enquanto o assassino gritava freneticamente...
“Tiago, você é o próximo...”
“Tiaga, você é o próximo...”
“Tiago, você é o próximo...”
“Tiaga, você é o próximo...”

HUAAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!!!


A risada veio acompanhada de uma musica que lembrava vagamente uma melodia cantada por duas meninas que atendem pela alcunha de “Sandy e Junior”.
A lâmina segue uma trajetória ascendente, enquanto seu portador caminha lentamente em direção a Mário. Imagine, um psicopata andando e sorrindo diabolicamente para a sua vitima...
Mario tenta correr... mas não consegue...
Francisco sorri e com um dedo indicador ainda gotejando de sangue, faz um sinal de “silencio”.
- SHIIII...

Mario está perdido.

Uma oração preencheu o antro de morte...

Uma oração...

Inútil...

sábado, setembro 24, 2005

"el catarrón"...


Cogito Ergo sun
Penso logo existo (Descartes)
Às vezes, eu penso em coisas muito estranhas.
Não, na realidade, pensar é estranho. Ainda mais no país em que vivemos.
As vezes eu penso!
Que estranho...
Alias, tudo na vida é estranho.
O ar que respiramos é estranho, as palavras que dizemos são estranhas (não sei se vocês já pensaram nisso, mas a pronuncia do nosso próprio nome, algumas vezes soa tão estranha... ah... deixa isso pra lá... esquece... rs), os sentimentos são estranhos, o conhecimento é estranho, a realidade é estranha...
Nossa... um pequeno momento “Matrix”... rsrs
Realmente, penso que se Edgard Allan Poe tivesse conhecimento das minhas aventuras, ele desistiria de escrever para sempre. Não, não tive nenhum acesso de loucura literária de aspecto egocêntrico aponto de me mostrar superior ao supremo mestre do terror, copiado por Baudelaire, Rimbaud e atualmente por Stephen King, mas quero deixar claro que coisas bizarras acontecem comigo. Isso eu tenho certeza. O bizarro não é estranho na minha vida. Meu nome já é bizarro por si só.
Tiago.
Na realidade, Tiago é a forma grega de Jacó.
Jacó é um nome hebraico.
Yakoov
Sabe o que significa? Significa “Mentiroso”. Não preciso explicar mais nada... geralmente as pessoas tem nomes que significa coisas decentes. Outra, eu sou músico. O que já é estranho. A música é algo estranho. Ninguém a explica. Quem a escolhe como filosofia de vida não pode ser normal. Transformar barulho em uma seqüência de sons harmonizados de forma melodiosa e ritmicamente estruturada. Nada mais absurdo. Ainda mais se a pessoa em questão escolhe como instrumento uma bateria. Além disso, sou um projeto de professor. E de História. O que é mais estranho ainda. Ainda mais se pensarmos que enfrento uma sala de aula lotada com “somente” 21 anos... nessa idade, o máximo que a maioria dos meus colegas de infância pensam é em contar quantas fraudas terão que comprar no próximo mês... e na situação do “Framengo”... uhtererê!... vermelhôooôô!
Mas não quero escrever sobre isso.
Quero contar um dos casos mais escabrosos que aconteceram comigo. Mas antes precisamos voltar a falar de Poe.
Baudelaire escreveu certa vez que “Nenhum homem soube narrar com mais magia as exceções da vida humana e da própria natureza” como Edgar Allan Poe. Ele não escreveu apenas algumas histórias assombrosas. Ele escreveu as mais dantescas evocações do terror humano – os pesadelos. No verso de um dos livros de Poe (o tenho em minhas mãos nesse momento), está escrito que muitos tentaram imitá-lo, mas ninguém até hoje se aproximou de sua extraordinária habilidade de narrar o indescritível, o grotesco, o macabro. Não sei se você se recorda, mas disse no inicio que nem ele (Poe) poderia descrever de forma decente o que eu tentarei descrever agora para vocês. Ele desistiria. Ele enlouqueceria, assim como seus personagens, que não sabem se o que estão vivendo é algo real, ou um pesadelo. Isso me lembra um outro escritor: Kafka. É... aquele que escreveu o livro “O processo”, onde um cara é julgado por pessoas que ele nem conhece, por algo que nem sabe o que é... ou então citando outro livro dele: “A metamorfose”, onde um cara acorda como uma barata. Isso mesmo: imagine você acordando e notando que se transformou numa barata?!
Putz...
Pesadelo e realidade se misturando, exatamente como naquele dia...
(Mais uma vez quero fazer um pacto com você leitor... mesmo que ache graça do que eu vou contar, não ria de mim hein?...)
Bom, a história é mundialmente famosa: é a história do “Catarrão”.

Brasil.
Rio de Janeiro.
Em algum lugar entre as estações de Maracanã e São Cristóvão.
Num vagão frio de um trem (tinha ar condicionado... acredita?) decorado externamente com estampas de propaganda da coca cola (seria como se o trem fosse um bombom de coca cola, tava todo vermelhinho... rs), estavam dois jovens estudantes de História. Ambos idealistas, aproveitando todos os momentos que o inicio de uma faculdade tem a oferecer. O trem balançava muito ao mover-se sobre os trilhos desalinhados da nossa querida “supervia”. O trem é algo medonho por si só. Hitler sabia disso, por isso fazia questão de colocar nessa caixa metálica os judeus que ele queria detonar. Colocar mais pavor nos coitados, sabe? Mas o problema não é somente a sensação de claustrofobia que impera no trem: o problema são as pessoas que estão nele. Quem já andou de trem sabe do que eu estou falando: cigarros acesos, palavrões aos borbotões, cheiro de sobaco, bafo de leão faminto no pescoço, pessoas roçando atrás de você, gente suada, amendoim torradinhu, guaravita geladão, gente dormindo de boca aberta, gente de boca aberta, gente sem boca, gente... simplesmente "gente"...). Mas não vou me alongar nisso (quem sabe outro dia...). Um dos estudantes que estava no trem atende pelo nome de Jean. O outro... você já deve imaginar quem é. Ambos com o olhar grudado na janela, analisando a linda paisagem que se alinhava do lado de fora. Devia ser umas nove e pouca da noite. Ambos cansados, depois de um dia exaustivo naquela caixa de concreto que recebeu o nome de UERJ dos seus criadores. Estavam quase dormindo com o balançar daquela geringonça criada na época da revolução industrial, mas que sobrevive até os dias de hoje ( o trem pessoal... esqueceram das aulas?!?! rsrs) quando um dos estudantes desabafa:
- Que dia hein? seu puto...
Esboçando um meio sorriso devido ao tratamento indecoroso, respondi:
- É... sinistro... – respondo laconicamente sem tirar os olhos do livro que estava lendo.
- Cara, olha só, o trem tá chegando na estação... - Jean se levanta na ponta dos pés, eu levanto os olhos um pouco e sorrio um pouco mais, o cara é muito baixinho, chega a dar pena.
- É... legal né.. geralmente isso acontece...
- Há...há...há... seu figura... olha só, tem um detalhe nisso tudo...
- Qual? - Respondo nitidamente impaciente.
- O trem pra Belford Roxo é que está chegando na estação, estamos no que vai pra Central esqueceu? vamos fazer baldiação aqui em São Cristóvão...
Aquilo me fez esquecer o livro que estava em minhas mãos. Perder o trem pra Bel já era um problema, imagina naquela hora... minha mente entrou em parafuso, mas mantive a calma:
- Se agente perder, pegamos outro... – rapidamente, procurei a pagina que tinha acabado de ler, pois fechara o livro com o susto.
- TÚTÁMALUCO? – respondeu Jean com a sua ginga de malandro indefectível – Tu vai ficar ai! Eu vou me mandar! Nem que eu tenha que voar eu pego essa bosta ambulante... eu quero ir pra casa! – dito isso arregalou os olhos e com as mãos em forma e travesseiro (juntas, com a cabeça apoiada nelas) mostrou pra mim que estava com sono e que falava sério: estava disposto a morrer pra entrar naquele trem se fosse preciso.
- Bom, mas ele está vindo mesmo... olha lá...
O trem estava chegando na estação. As pessoas se aglomeraram. Ele acabava de abrir as portas...
- Maquemerda! Vamos pular a linha cara! Eu vou pular a linha e pegar o trem... – Jean disse isso com o tom de voz que os psiquiatras gelam quando ouvem vindo de seus pacientes...
- Mas Jean... pular a lin...
Mal disse isso, as portas do trem em que estávamos se abriram e Jean correu... e eu, meio que por instinto de preservação e movido por um senso de amizade, corri atrás dele. Em questão de segundos, ao mesmo tempo em que colocava meu pé pra fora do trem, eu me esforçava para guardar o livro na bolsa. E com as batidas do coração já aceleradas, eu prendi a respiração: era uma situação de vida ou morte. Eu não estava preparado para aquilo. Eu pensava “isso vai dar merda... isso vai dar merda... isso vai dar m...”. Jean corria como uma bailarina em dia de apresentação no municipal: suas pernas esticadas devem medir menos de 40 centímetros, mas corriam como pernas de gazelas... incorporando o espírito de Legolas, o elfo do filme “O Senhor dos Anéis”, Jean pulou graciosamente (estou mentindo... ele pulou feio pra caramba... parecia uma pomba que acabou de tomar uma pedrada de um moleque e que após a pedrada queria voar a qualquer custo...) uma altura de quase um metro e meio, o que convenhamos, era uma altura que poderia matar seres da sua linhagem... pra ele era alto pra dedéu, mas a adrenalina fez o nosso herói nordestino voar em direção aos trilhos e pedras que enfeitam a linha ferroviária. E eu, com essa altura toda, voei atrás... confesso que meu coração parou naquele momento: “O que minha mãe vai pensar disso? E se eu morrer? Oh meu Deus! É só passar pra faculdade que agente começa a fazer merda...”. Quando meus pés tocaram o solo, senti a pressão de todo aquele impacto, meus joelhos se desencontraram, mas a minha adrenalina estava a mil, estava como um antiácido num copo dágua, nada poderia me deter, muito menos naquele momento. Jean já estava pulando a outra plataforma: caro leitor, foi um espanto... num salto mais fantástico do que o primeiro, ele voou em direção ao infinito... por um momento, pensei que ele iria quebrar a lei da gravidade, tão bem postulada por Newton, e iria flutuar em direção ao espaço, mas cai na realidade e pensei: pobre não voa, “pobre pega ar”. Nosso herói (mais conhecido como salário mínimo) coloca as duas mãos pequeninas na plataforma e com um impulso que com certeza lhe fez soltar um peido, se lança em direção ao piso imundo daquele lugar esquecido pela vassoura a muito tempo. Nisso, continuei na minha luta em transpor aquela verdadeira estação do inferno: levantar as pernas naquele momento era algo extremamente desgastante... meu corpo estava ficando bloqueado devido ao esforço insano de alcançar a toda velocidade a plataforma, comecei a sentir uma dor aguda do lado direito do abdômen... isso... aquela dor que você tem quando respira depois de um esforço forte. Sabe quando você anda, anda e não sai do lugar... Comecei a ficar desesperado... mas a plataforma estava a menos de um metro da minha frente! Finalmente estava próximo de conseguir ir pra casa! Sorri enquanto corria, embora fosse um sorriso inconsciente... a visão era fabulosa: a plataforma se aproximando, Jean na porta do trem, os anjos com as trombetas nas mão esperando para tocar o tema da vitória (isso... aquele mesmo do Senna: pãpãpã...pãpãpã....) mas eu não escutei nada... o mundo tinha parado... imagina tudo em câmera lenta... Jean (também conhecido com cafetão da central... rs) fazendo o sinal de “Vem” com a mão direita... minha perna direita alinhada com braço direito e vice versa... eu corria desesperadamente... os pés buscando alcançar o maior numero de centímetros possíveis... a língua sendo comprimida pelos meus lábios... as mãos fechadas dando a idéia de esforço... olhei pra lua... ela estava lá... linda... pequenas nuvens em volta, davam um charme maior ao quadro que se formava perante os meus olhos... Me lembra uma cena de Dante Alighieri no seu livro “A Divina Comédia”: “Ergui os olhos e vi, iluminando as encostas da colina, o planeta que sempre indica o bom caminho; isso fez diminuir o assombro que durante aquela angustiante noite turvara o lago do meu coração. Como o náufrago, que mesmo salvo das bravias ondas, fita o ameaçador mar no qual se agitara, assim meu animo, tremendo ansioso, pôs-se a remirar o espaço percorrido, que nenhum homem jamais cruzou ileso”.
A plataforma era o ultimo obstáculo.
Coloquei (na realidade joguei) a mochila na plataforma para me livrar de um peso extra que poderia atrapalhar a minha trajetória em direção a conclusão da minha odisséia. Senti-me como Ulisses chegando em casa depois de lutar na guerra de Tróia. Meu esforço era digno de Homero... eu me via como um deus no Olimpo.. pior, como um humano que invade a casa dos deuses! Quem sabe não iriam fazer um filme sobre mim?... As minhas duas mãos se apoiaram na plataforma, meus músculos se prepararam para o esforço final... meu corpo se abaixa para gerar o maior esforço possível, porque não sei se vocês sabem, mas osso pesa ( são 70 quilos de osso no meu caso...).
Dei o impulso...
Meu queixo faz um ângulo de 120 graus em relação ao meu pescoço... eu buscava o espaço... eu queria conseguir... eu precisava conseguir... meu corpo se levantou de forma heróica, e para evitar uma queda, coloquei meu corpo de lado, pois se levantasse uma das pernas, era bem provável não conseguir, devido a altura do ponto que tinha escolhido para saltar (que era bem mais alto do que o escolhido por Jean). Tudo estava dando certo: ia ser um impacto bem considerável na minha poupança, mas tudo iria terminar bem... iria cair sentado e, girando meu corpo para a direita iria pegar impulso para correr em direção a porta escancarada na minha frente...
Huahuahuahuaahua!!!
Eu deveria ganhar o premio Nobel da estratégia (se é que poderia existir algo do tipo)...
eu sou um gênio!
Eu cheguei a escutar aquela musica do Queen: we are the champions!
yes!!!!!!!!!

Até que eu avistei algo... Arregalei os olhos... nem o mais frio dos homens estaria preparado para aquela visão...

Aquilo...

Sim...

Aquilo...

Um tremendo de um catarro...

Verde...

Amarelo...

Com bolhas...

Imenso...

Pulsando...

Justamente no espaço entre as minhas mãos... levemente situado como se formasse um triângulo entre elas... Minhas duas mãos na base, o catarro na ponta...

Me esperando...

Imundo...

Desgraçado...

Algum bêbado dos infernos tinha deixado uma herança gosmenta e macia para mim...

Eu já tinha dado o impulso, já estava em pleno ar, minha bunda já estava direcionada para ele... não havia como evitar aquela merda...

Eu fechei os olhos e aguardei a sentença como um condenado a morte por fuzilamento (no meu caso, as balas seria verdes... bem verdes... com detalhes amarelos...)

Eu ouvi um som...

SSSBBLLLUUURRRFFFFFF...

Meu corpo deslizou sobre aquilo... e amassou aquela obra de arte digna dos mais altos círculos do inferno de Dante...
Estava lá grudado na minha calça a marca da infâmia... Quando levantei... sabe aquela pizza quando está fervendo, você corta um pedaço e o queijo vai se esticando...
Isso mesmo...
Imagina o catarro agarrado na minha calça... e quase me puxando pra trás...
Os olhos do Jean (que também conhecido pelo singelo nome de "noticia ruim") se arregalaram quase pulando pra fora das órbitas, seu rosto não sabia que expressão fazer... seu cérebro ainda estava escolhendo as expressões: nojo, pavor, risada, surpresa... ele fez uma cara que juntou todas elas... e coloriu com uma gargalhada...
Eu entrei no trem (graças a Deus)... tentando limpar o estrago...
E só tive forças pra fazer uma coisa...

Eu xinguei... e estava com uma biblia dentro da mochila... que decepção...


Com todas as minhas forças... minhas poucas forças, eu uni as minhas mãos na frente do peito e soltei uma imprecação do tamanho do catarro que estava espalhado pelo chão e grudado na minha calça... sabe aqueles gritos de filme que o moçimho faz quando alguem morre em seus braços? foi parecido...
Jean (duende pitinininhu) ria...
As pessoas olhavam... eu emudeci...
- Foi mal...
O trem fechou as portas e fomos rindo da vida até Belford Roxo...
Cidade do amor...
E do catarro grudado na calça.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Freud não explica... "o Povo não "TREM" memória!"...


Sigmund Freud (1856-1939) na sua teoria psicanalítica aborda o conceito de repressão: sintetizando a idéia, durante a vida, algumas de nossas atitudes algumas vezes são orientadas por traumas sofridos em alguns momentos de nossa vida. Assim como nos sonhos, Freud considerava-se capaz de descobrir desejos ocultos nas áreas mais improváveis. Ele dizia que se tivesse tempo suficiente para tal, ele poderia superar as resistências do individuo, ele chegaria a identificação de um desejo oculto por trás de todo sonho e em alguns casos, de algumas atitudes do individuo. Bom, pra que esse papo freudiano?
Simples. Todos nós temos traumas. E segundo Freud, esses traumas aparecem para nos assombrar e nos levar a empreender atitudes que seriam anormais para aqueles que nos cercam. Existem pessoas que não andam em determinados veículos depois de sofrerem certas experiências traumáticas. Um acidente, por exemplo. Mas segundo Freud, em alguns casos, o agente que sofre o trauma esquece a própria situação que o levou a isso. Seria como se a nossa mente reprimisse a experiência. Essa seria a resistência que Freud se referia. Bom, pra que esse papo freudiano?
Todos temos nossos traumas. Eu também me incluo nisso.
Uma das atitudes mais anormais que eu tenho é a seguinte: eu nunca, mas nunca tento correr no metrô em busca de um lugar. Não importa que eu esteja na porta e um lugar vazio na minha frente. Pode ser que ele me chame. Pode ser que esteja escrito meu nome nele. Eu nunca vou dar aquela corridinha cínica para assegurar o meu lugar num coletivo suburbano. Simplesmente por que eu sou traumatizado. Mas ao contrario do que Freud dizia, eu lembro claramente de tudo. Pois cabe aqui uma ressalva: para todo pobre, é muito mais difícil lembrar do que esquecer. Pobre na maior parte das vezes não é vingativo. Por isso sua memória é tão curta. Tanto que pobre não tenta arquitetar um plano como por exemplo o famoso Conde de Monte Cristo, personagem imortal de Alexandre Dumas, que amargou anos até terminar seu plano de vingança. O único pobre que eu me lembre que fez isso foi a Tieta do Agreste. Mas ai não vale por que quando ela voltou só a alma dela era pobre... pobre não... pobre se vinga matando, e mata logo pra não esquecer... lembram daquele velho ditado : “Povo não tem memória”?
Eu não. Não esqueço de nada que me fizeram. Ainda mais se me fizeram uma merda. Ai é que eu não esqueço mesmo. Pode me chamar de tudo, menos de pobre. E de esquecido.
Vou explicar por que eu não corro no metrô em busca de lugar. Só se você prometer não rir.

Certo dia estava indo pra faculdade, e para aqueles que me conhecem, duas coisas: primeiro isso pode parecer um milagre (não era milagre pois eu estava no inicio da faculdade... e nessa época, tudo é alegria...) e segundo, eu sempre estou atrasado para meus compromissos. (Antigamente, eu usava a desculpa de que os samurais no Japão chegavam atrasados aos duelos para desestabilizar o oponente. Para mim isso legitimaria minha impontualidade. Péssima desculpa. Não tenho físico para ser um samurai, não considero minha espada como a minha alma, nunca vou cometer assassinato ritual e não nasci no Japão para fazer isso algum dia. Sem falar que o meu duelo no caso era contra o tempo. Um oponente que sempre vencerá qualquer um que se meta a besta com ele). Ainda mais se for pra assistir uma aula. Eu sempre estou atrasado para ser aluno. Eu odeio assistir aulas. Mas o lance é que estava posicionado esperando o metrô, pisando com alegria a faixa amarela no chão e escutando aquela musica morta que conduz os animais ao matadouro chamado “Cidade” (sabe aquela mania de pobre dizendo que vai “descer”? nada mais provinciano...), quando ele apareceu. Se você puder, algum dia observe os olhares das pessoas quando o metrô aparece no horizonte (isso mesmo, horizonte). Os olhos brilham, as pessoas sorriem aliviadas, elas relaxam, se você quer roubar um beijo de alguém, roube quando ela vê o metrô chegando na estação. Ela está desprotegida. É tiro e queda. Ou tapa e queda. Ele se aproximou coma delicadeza de um "pum" com carta de alforria num local indevido para a liberdade. Ele foi parando, e eu percebi que ele estava parando com a sua porta na minha frente. Os pobres se acotovelaram ao meu redor. Eu sorri de alegria quando vi que a abertura da porta estava a pouca distância do meu rosto. Vitória. Eu confesso que sorri, pois não era sempre que isso acontecia. Eu iria sentado até o Maracanã! Analisando a situação, pode parecer ridículo, mas se você já andou pela manhã no metrô da Pavuna sabe do que eu estou falando. É quase um trem, só que sem os vendedores, o jogo de cartas e o culto no vagão de trás. O mais engraçado é analisar os olhares dos pobres para dentro daquele trem do inferno:através do vidro, todos procuram uma brecha para suas carcaças. Olhei para o interior daquela lata de sardinha cinza claro quando eu percebi um lugar livre. Um não... vários! E o mais legal: um relativamente perto da porta e pintado de verde! Ou seja, os idosos não poderiam reagir ao fato de que eu iria sentado nele até o Maracanã... iria dormir (e se possível fingir que estava dormindo) para ficar com a minha mais nova conquista: o banco verde. Era o auge da minha manhã... era descanso certo... era a minha insensatez..
A campainha tocou e as portas fronteiriças ao outro lado do metrô se abriram. Velh... desculpe, idosos sentaram tranqüilamente nos lugares especiais para eles. Sorri com a bondade que transpareciam dos sorrisos deles. Pensei que um dia eu seria como eles. Meus pensamentos foram interrompidos por um silvo breve... BÈEÈÈÈÈÈÈÈ! a campainha tocou... as portas se fecharam e imediatamente, a porta que estava a minha frente se abriu.
Foi lindo!
Como uma manada de bois as pessoas correram em direção aos bancos. Eu fui um deles. Num movimento rápido, mas preciso, girei a minha mochila para o lado direito do meu corpo, para dar mais elasticidade ao meu corpo na hora de me jogar no banco e ai foi que eu vi...
Aquilo...
Pior do que a visão de um monstro... Mais tenebroso do que imaginar a Dercy Gonçalves nua... Mais terrível do que saber que seu salário não foi depositado no dia certo... Pior do que todos os seus medos somados e multiplicados por 10...
Eu vi uma bunda.
E não era uma bunda como você está pensando... Foi a maior bunda que eu já vi na minha vida... e isso não é um elogio...
Uma senhora imensa com uma bunda quilométrica veio correndo ao meu lado. Tremi.
Como Senna e Prost nos anos noventa, disputamos palmo a palmo cada espaço preenchidos átomos naquele trajeto em direção ao lugar verdinho (que naquele momento ocupava todos os meus pensamentos). Eu não iria ceder. Eu não iria diminuir o passo. Não ali. Não assim. Não para aquela aberração da natureza em forma de bunda e crateras de celulite alienígena. Senti-me como um guerreiro lutando pelo direito ao seu território, quase um Hitler e o seu Lebesraun: o meu espaço vital deveria ser conquistado a qualquer preço... Assim como o general francês Petáin na batalha de Verdun eu disse: “Ela não passará”. Assim como Stalin eu disse: “Não há nada além do Volga!”.
Só que o general Petáin barrou a Alemanha. Ele não teria nenhuma chance de barrar aquela bunda. Stalin proibiu seu exercito de recuar... mas ele correria para o colo do Roosevelt se ele visse aquela bunda...
A bruaca fez um movimento totalmente desconhecido para mim. Um gingado estranho, quase um golpe dos Cavaleiros do Zodíaco. Só faltou o nome do golpe, e os gestos para completar aquela verdadeira macumba. A bunda dela fez um giro de 360 graus, mas bem rápido, e com o impulso demoníaco, ela (a bunda) veio em direção a minha cintura. De lado.
Quando a bunda daquela jamanta do inferno bateu mais ou menos na marca da minha cintura, eu perdi o equilíbrio. Minhas pernas não agüentaram a pressão e bambearam... a mochila se perdeu do meu ombro, e deslizou abruptamente em direção ao solo...
Minha mochila...
Minha perna...
Minha bunda...
Meeeeeerdaaaaaaaaaaaa!!!
O mundo ficou escuro... eu vi tudo girando... meu equilíbrio se esvaia numa mistura de vultos e bancos verdinhos e laranjas... gritos... passos... o vazio... o nada... a bunda...
Eu caí... e a merda do metrô lotado... devo ter batido coma cabeça na perna de uns 5 com a pressão daquele golpe... só não rolei pra fora do metrô por que fui parado por alguma coisa que eu não vi direito... eu só via uma coisa: ela sentando no banco... e rindo...
E rindo...
E rindo com aquela boca com dentes mais brancos do que o mais denso Ovomaltine do Bob´s conseguiria ficar. Eu de pernas pro alto e aquela gorila sentada no banco que eu tinha escolhido pra mim!
Desgraçada!
E o pior: ela ainda se ofereceu pra segurar minha mochila... – Qué ki eu siguri? - Disse aquela mistura de Vera Loyola com Hebe Camargo...
eu respondi educadamente: -Não... obrigada...- Meus olhos queimavam, minha bunda doía. Minha mochila repetia pra mim: "- Bem feito... bem feito... quem mandou ser como eles..."
Baranga... bunduda...
Capeta dos infernos...

segunda-feira, setembro 12, 2005

"As 5 mais"

Deixo aqui uma pequena lista inútil feita por mim. Ela é basicamente feita de “5 mais, ou menos”. Divirtam-se:
Os 5 melhores cds que eu ouvi esse ano: 1- Growing Up Live (Peter Gabriel); 2- Be (Pain of Salvation); 3- Octavarium (Dream Theater); 4- Heavier Things (John Mayer); 5- Temple of Shadows (Angra)

As 5 piores musicas que eu ouvi esse ano: 1- Qualquer uma da banda Calypso; 2- ualquer uma da Taty Quebra barraco; 3- Faroeste Caboclo (Legião Urbana, não aguento mais...); qualquer uma da Wanessa Camargo; 5- qualquer uma de qualquer grupo que tenha pandeiro, tantan, vocalista com cabelo louro e gente fazendo passinho...

Os 5 melhores livros que eu li esse ano: 1- A Bíblia; 2- O senhor dos Anéis (J.R.R.Tolkien); 3- A tapas e pontapés (Diogo Mainardi); 4- Elogio da Loucura (Erasmo de Rotterdan); 5- Ed Mort e outras histórias (Luis Fernando veríssimo).

As 5 coisas que eu tive de aturar esse ano: 1- Ainda não tocar bateria como o Virgil Donati e o Thomas Lang; 2- Não ter trocado meu pedal duplo; 3- dar aulas para a 8a série do IEDA; 4- pagamentos que atrasam; 5- ouvir perguntas inúteis e desaforos de alunos.

As 5 coisas que eu fiz rindo a toa esse ano: 1- tentar tocar bateria como o Virgil Donati e o Thomas Lang; 2- dar aulas no pré vestibular; 3- matar aulas na faculdade; 4- beijar na boca; 5- Pedir as contas do IEDA e largar aquela 8a série...

As 5 coisas que eu tive de fazer mas até que consegui sem reclamar: 1- dar aulas pra ter dinheiro; 2- Usar terno e gravata pra tocar na Igreja; 3- estudar menos bateria senão ia ficar louco; 4- ter que ir pra faculdade senão eu não termino; 5- de vez em quando lidar com gente burra.

As 5 perguntas que não consegui responder: 1- “Quando o Japão perdeu as ilhas Kurilas?” (pergunta feita por um aluno que sabe mais história do que eu...); 2- “Dessa vez o Napoleão morreu, né”? (alunos como sempre...); 3-“Vai casar quando?” (um engraçadinho); 4- “Só vai fazer essa matérias na faculdade?” (meus colegas com mais dinheiro e tempo do que eu...); 5- Vai chegar que horas hoje da aula? (Meus pais...)

As 5 perguntas que eu fiz a mim mesmo: 1- Eu vou pro céu?; 2- O que eu vim fazer aqui?; 3- O que é que eu vou falar mesmo? (antes de cada aula eu fazia essa...); 4- Quando é que eu vou descansar no sábado?; 5- Ficou bom mesmo? (eu e minha síndrome do “faça o seu melhor”...)

As 5 perguntas que eu mais fiz esse ano: 1- “Sai o pagamento quando?”; 2- “É hoje que vai sair o pagamento?”; 3- Tenho que dar aula hoje mesmo?; 4- “Duvidas galera?”; 5- “Quem é que está na escala do louvor hoje?”.

As 5 piores cantadas que eu recebi esse ano: 1- “Nossa... com um professor assim eu até estudo...”; 2- “Se verde tá assim, imagina maduro...”; 3- “Se eu fosse um pouquinho mais nova eu te agarrava...(Uma senhora na casa dos 60 que eu dei aula..); 4- Você vem sempre aqui? (um aluna...putz...); 5 “O que que eu faço pra você encostar essa boca em mim?”.

Os 5 filmes mais legais que eu vi esse ano (não necessariamente feitos esse ano, mas que eu vi esse ano; não necessariamente os melhores, mas a situação me traz ótimas recordações...): 1- Senhor dos anéis; 2- Uma vida em sete dias; 3- Efeito borboleta; 4- A queda; 5- Curtindo a vida adoidado.

5 coisas que eu não entendi esse ano: 1- Deus; 2- eu mesmo; 3- Minha letra; 4- o jeito que certas pessoas me trataram; 5- alguém dormir numa aula minha... rsrs

As 5 melhores besteiras que eu comi: (Coca cola Não vale...)1- Big mac e esfiha do Habibs; 2: pizza da parmê; 3- o X-tudo completamente imundo daqui perto de casa; 4- Quik de morango; 5- iogurte

Os 5 maiores rombos na carteira: 1- gastar 200 reais numa única vez comprando cds; 2- pagar 60 reais por aula de bateria com o Cláudio Infante; 3- ter comprado uma blusa por 30 reais e depois ver que ela encolheu; 4- Gastar 60 reais por mês comprando iogurte, biscoito, essas melecas...; 5- Xerox da faculdade.

As 5 coisas mais inúteis que fiz esse ano: 1- achar que poderia agradar todo mundo; 2- Ir até o trabalho e descobrir que não tinha aula; 3- Dar idéia pra “certas” pessoas; 4- Dormir; 5- Fazer esse blog...

5 coisas que ninguém sabe: 1- Como o Chaves ainda está passando na TV?; 2- por que ninguém reconhece o super homem quando ele está de Clark Kent?; 3- O Francisco não consegue dar aulas sem pronunciar meu nome ou é impressão minha?; 4- Quando é que vão tirar o Lula?; 5- Onde está Wally?

5 coisas que todo mundo sabe: 1- Carne de burro não é transparente; 2- o que é que cai em pé e corre deitado?; 3- Quem matou o pai do Simba foi o Mufasa; 4- A Xuxa é um ET; 5- o Seu barriga e o Nhonho são a mesma pessoa.

As listas continuarão, mas não hoje...

domingo, setembro 11, 2005

Cegueira (Overture)

“-Cheguem à borda do abismo” – disse ele. Eles responderam: “-Estamos com medo”.
“-Cheguem bem pertinho da beirada” - repetiu ele.
Tremendo e inseguros, eles lhe obedeceram.
Ele os empurrou...


Então eles voaram.

Guillaume Apollinaire

Cegueira (parte I)


A Bíblia é um dos livros mais lidos do mundo. Não... ela É o livro mais lido do mundo. Uma pesquisa apontou que pelo menos cerca de 89% dos entrevistados possuíam um exemplar da Bíblia em casa. Entretanto, muito pouco da Bíblia é aproveitado por esses digamos, leitores. Numa outra pesquisa, foi proposta uma situação de naufragio para o entrevistado: se ele pudesse levar um unico livro para uma ilha deserta depois de ficar boiando no meio do oceano em cima de um caquinho do seu navio durante horas, que livro ele escolheria? A maioria esmagadora respondeu "A Bíblia, claro!" (teve um que respondeu "O alquimista"... fazer o quê né... rs). Entretanto, há uma certa repulsa em ler a Bíblia, pois segundo alguns, o seu conteúdo não atrai muito pessoas acostumadas com histórias mais “quentes” , como aquelas apresentadas em novelas, seriados e filmes, coisas assim. A Bíblia para eles é muito chata, tediosa, “dá sono”. Mas cá entre nós, não encontro livro mais maneiro do que a Bíblia. Não vou me alongar numa apologia a leitura do Livro feito pelo Papai do Céu (um dia desses escrevo algo sobre isso...), mas encontrei uma passagem fabulosa, que me foi apresentada por um expositor desse livro a pouco menos de uma semana atrás, e que tem como centro uma única palavra: cegueira. Um assunto muito presente hoje em dia.
Depois que Jesus ressuscitou, ele apareceu ao lado de dois camaradas que estavam andando numa estrada. E começou a caminhar com eles.
Só que ele não se apresentou. Ficou quietinho.
Os caras estavam tão frustrados com toda aquela situação (três dias se passaram e nada de Jesus voltar dos mortos) que eles não conseguiram ver que aquele era o cara! Jesus em pessoa! E o pior... os dois começaram a pregar pra ele! Isso mesmo. Pregar para o próprio Jesus! Que micão hein..rs
Só depois de andarem quase 20 quilômetros, é que Jesus se apresentou pra eles. Só depois disso é que os dois entenderam que era Jesus.
Sim. E daí?
Simples. A lição que eu tiro disso tudo é que às vezes estamos tão fissurados em alguma coisa que ficamos cegos para todo o resto. Assim como no fragmento que eu coloquei ali em cima, os personagens estavam com tanto medo de ousar que não puderam perceber que poderiam voar...

Cegueira (parte II)



O Genesis foi uma banda inglesa de rock progressivo muito louca da década de 70. Tenho todos os cds desses caras, principalmente por que começei a tocar bateria influenciado pelo batera deles, um cara chamado Phil Collins. As letras do grupo são sinistras, o instrumental é atordoante, o grupo era perfeito. E o vocalista? putz...
Ele era um cara chamado Peter Gabriel (tem uma foto dele nesse blog, é um carequinha de cavanhaque... dá uma olhada...). O cara era o centro das atenções, sua performance era altamente teatral, e suas vocalizações eram excelentes, o que fazia com que os outros músicos ficassem meio escondidos, por que as criticas falavam mais das performances assustadoras de Gabriel, e nunca dos músicos. Só que num belo dia o jornal inglês Melody maker anunciou uma bomba: "Gabriel out!".
Gabriel tinha saido da banda.

E agora?
O desespero era tanto que pensaram até mesmo em virar um quarteto instrumental. Nada de vocais então. Mas decidiram continuar. Eles começaram a testar inúmeros vocalistas. Mas nenhum dava certo. Até que eles notaram que o cara que passava as músicas para os candidatos durante os testes era muito melhor do que os próprios candidatos. Era o baterista. Isso mesmo. Aquele sujeito apagado que fica atrás de um monte de tambores e pratos lá no fundo do palco. O nome do batera em questão era Philip Collins.
Eles estavam tão traumatizados e frustrados com a saída de Gabriel que não perceberam durante um longo tempo que o substituto a altura estava ali, cantando pra eles a meses!
"Cambada...por que não pensamos nisso antes?!?! Phil Collins!
E nós muitas vezes seguimos o mesmo caminho... Precisamos apanhar durante um longo tempo pra perceber que a saída estava ali na nossa cara. Um filósofo chamado Nietzsche disse certa vez que “Só depois de deixarmos a cidade, é que veremos a que altura estão as nossas torres”. Às vezes é preciso se afastar do nosso abrigo para vermos que a saída que tanto precisamos estava do nosso lado.
E essa busca, muitas vezes é uma jornada que precisamos fazer sozinhos.
Na história do livro “O Senhor dos Anéis”, no inicio foi criada uma sociedade: saíram nove para conduzir anel até Mordor, mas somente um (Frodo) poderia destruí-lo. E o único local onde o anel poderia ser destruído era exatamente a casa do inimigo. Justamente por que ele estava tão desesperado para recuperar o anel que não conseguia vigiara sua propria casa...

Cegueira (parte III)


A Ilha de Páscoa é um território fabuloso. Segundo Erich Von Daniken, os primeiros navegadores europeus não acreditaram no que seus olhos viram quando chegaram na Ilha durante o século XVIII: nesse pequeno espaço de terra, e a 3.600 quilômetros distante da costa do Chile, centenas de estatuas de dimensões imensas estavam irregularmente semeadas em toda parte. Nessa ilha, a Lua e as estrelas eram mais familiares do que qualquer outra terra. Mas o que mais chamou a atenção dos europeus além da estrutura colossal das estatuas foi um fato bizarro.

Não havia uma única arvore na ilha.
Nenhuma.

O estudioso Jared Diamond no seu livro “Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”, chegou a seguinte conclusão: a causa do colapso da ilha foi justamente o seu sucesso.

Hã?!?!

Isso mesmo. Para ele, “O sucesso cega as pessoas para os riscos do seu próprio comportamento”. Os mesmos valores que podem levar um povo (ou alguém) a ascensão, podem levar a ruína. E geralmente, o sucesso precede a ruína... O que aconteceu na ilha foi o seguinte: as arvores foram derrubadas para abrir espaço nas lavouras, para fornecer material para a confecção de canoas e para arrastar os imensos ídolos de pedra. A progressiva destruição da mata levou a erosão do solo e a extinção de muitos animais. Os caciques, mesmo vendo a merda que estavam fazendo, optaram pelo caminho mais obvio para eles: construíram ídolos ainda maiores, com a esperança que os deuses resolvessem a crise. Resultado: a ilha perdeu todas as suas árvores e as fontes de alimento se esgotaram. A sociedade ruiu em uma série de guerras tribais e os sobreviventes tiveram de comer ratos e praticar atos de canibalismo. ? Para John Stuart Mill, filósofo e economista inglês do século XIX, se cada um perseguisse seus próprios interesses, toda a sociedade sairia ganhando.
Mas cabe aqui a pergunta: Ate onde ousar pode ser benéfico? Ousadia demais é um problema? Até onde a nossa voracidade por sucesso e realização pessoal podem nos cegar e direcionar nossos passos para a nossa própria ruína?
Pensem nisso.

Caros amigos...



Ah... antes de começar, essa foto foi mandada por uma aluna - ela tirou no dia do aulão de História e Geografia (eu e o tio Robson)... até que ficou legalzinha, embora ninguém me convença de que eu não fico com uma cara terrivel nas fotos que eu tiro... rsrs
Quero agradecer as pessoas que estão lendo esses textos: realmente, sem vocês esse espaço me seria em grande parte inútil. Algumas pessoas realmente têm feito criticas muito pertinentes, o que me motiva ainda mais a escrever meus delírios nesse espaço. E peço desculpas por duas coisas: primeiro: os textos estão enormes... mas limitar minha genialidade?! Nunca! [brincadeirinha pessoal...rs] Segundo: alguns textos são meio melancólicos, sei disso, mas prometo que vou escrever mais textos cômicos, como aquele do Frank Aguiar...rs. Alias, você já leu esse texto? Então leia! rs...

Um grande abraço a todos!

Desiderata



“Ande placidamente entre o barulho e a pressa, e lembre-se de que a paz pode existir no silencio. Mantenha-se em bons termos com todas as pessoas tanto quanto possíveis sem se render. Diga a verdade tranqüila e claramente e ouça os outros, mesmo obtusos e ignorantes, eles também tem sua história, Evite pessoas ruidosas e agressivas sem vexações ao espírito. Se você se comparar com os outros poderá se tornar vaidoso e amargo, pois sempre haverá pessoas maiores e menores que você.
Desfrute das realizações como também de seus planos. Mantenha-se interessado na sua própria carreira por humilde que seja; é uma verdadeira posse as mutações do destino.
Seja prudente nos negócios, pois o mundo está cheio de trapaças. Mas não deixe isso tornar você cego à virtude; muitas pessoas lutam por altos ideais e em toda parte a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo. E, sobretudo não finja afeição. Também não seja cínico a respeito do amor, pois acima de toda a aridez e desencanto ele é tão perene como a relva. Recolha mansamente o conselho dos anos, renunciando graciosamente as coisas da juventude. Nutra sua força espiritual para o projeto de desgraça repentina. Porém, não se aflija com coisas imaginárias; muitos temores nascem da fadiga e da solidão. Junto a uma disciplina saudável, seja gentil consigo mesmo. Você é uma criatura do universo, não menos que as arvores e as estrelas. Você tem o direito de estar aqui, e seja evidente ou não para você, o universo sem duvida se desenvolve como deve. Portanto esteja em paz com Deus, e quaisquer que sejam os trabalhos e aspirações, mantenha-se em paz com a sua alma. Com todos os seus fingimentos, trabalhos e sonhos desfeitos, este continua a ser um mundo lindo.
Tome cuidado, esforce-se para ser feliz!”.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Ode ao Brasil

Certo filosofo norte americano (que eu não me recordo o nome... me desculpem) disse que “Uma coisa só pode ser abandonada a partir do momento que passemos a odiá-la”.
Humpf...
Parei pra pensar nisso esses dias.
O que nós brasileiros odiamos?
O Brasil é visto como uma terra de amor. Aqui, nesse “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza” seria o umbigo do mundo (eu odeio umbigos... deve ser algum trauma de infância, vocês vão rir, eu sei, mas me dão nervoso... rs). Aqui, tudo que se planta dá (como escreveu Pero Vaz de Caminha), até dinheiro, embora essa árvore esteja em falta aqui no meu quintal. É a terra da harmonia, é a terra da felicidade. Somos “iluminados”. Temos até um “mago” (já sei... não falo mais de Paulo Coelho aqui Vanessa... rsrs). Somos capazes de fazer tudo o que nos der na telha. A melhor seleção de futebol do mundo. Os músicos mais sentimentais do mundo. O felling está enraizado até mesmo no nosso baterista mais duro. Temos o pulsar da natureza dentro de nós. Nossa alma é multicolorida. Somos moles, mas não com uma moleza preguiçosa (tirando é claro os baianos, mas eles não são brasileiros mesmo: são alienígenas), mas uma moleza de “ginga”, de malandragem. Temos humor. Temos fé. Temos carnaval. Temos uma nega chamada Tereza.
Canta Brasil!

É por isso que eu vou repetir a frase do filosofo “nãoseiqualonome” que eu coloquei lá em cima para o caso de você não ter entendido aonde eu quero chegar:
“Uma coisa só pode ser abandonada a partir do momento que passemos a odiá-la”.

E ai? Entendeu?
Nós estamos do jeito que estamos por que não conseguimos odiar nada.
Nada.
Nada mesmo.

Nós dizemos que somos contra a pobreza, mas ela continua ai para alimentar nossas campanhas políticas e discursos recheados de retóricas do tempo de Cícero. Não temos coragem nem de odiar a pobreza, muito menos de odiar a condição em que se encontram os pobres. Não estou tendo um arrombo de “Caco Antibes”, mas o Brasil se tornou especialista em manter a pobreza, e isso vai desde a nossa cultura até as nossas atitudes diárias. Nós nunca tentamos transformá-los em menos pobres: nós votamos em pobres, cantamos sobre pobres, reclamamos de pobres, escrevemos sobre pobres... E não adianta dizer que você não se sente assim, pois posso com um argumento acabar com seu sorriso de desaprovação. Veja o caso de Lula.
É quase uma opção impensável pensarmos em impeachment para ele. Pessoas defendem Lula com unhas e dentes. Dizem que ele está sendo manipulado, que ele foi “rodeado por forças incompreensíveis e nefastas”, e que retira-lo do poder seria ceder ao imperialismo comandado pela rede Globo, o mesmo que nos obriga a tomar coca-cola e comer big-mac enquanto escutamos Garota de Ipanema cantada em inglês com batida eletrônica. Mas cá entre nós: quem é que não fica com pena do Lula quando vemos aquela carinha de velhinho “bonzinho alcoólatra” que ele tem? E as orelhinhas? Perecem morceguinhos... e o olhar caído, digno de quem sempre lutou pelo povo... Isso sem falar do dedo mindinho que está faltando... Até eu acho graça disso...
Não quero defender ninguém, mas quando o cara em questão era o Collor, todo mundo gritava, xingava, dizia que ele era safado, e ao som de “caminhando contra o vento sem lenço...” e com a cara pintada de cola colorida berrávamos a plenos pulmões pela cassação daquele capeta disfarçado de caçador de marajás. Por que não fazer isso com o Lula?
Por que ele representa tudo aquilo que o brasileiro mais ama.
Pobre.

Fomos educados pela hierarquia católica que “quem dá aos pobres, empresta a Deus”. Que quanto mais pobres formos, mais próximos do céu estaremos. Que Jesus não tinha nem mesmo um travesseiro pra encostar a sua cabeça. Mas Jesus não é dono de todo ouro e prata do mundo? Ele não foi adorado pelos Reis (que não são magos... me mostra onde está escrito isso...) com “ouro, incenso e mirra”, que na época eram presentes valiosíssimos? Como é que pode? Fomos criados a amar a miséria. Pregamos um mundo melhor, mas um mundo melhor não pode existir sem um olhar de compaixão para que possamos exercitar nossos deveres de bons cristãos. Não quero aqui manchar os ideais de São Francisco de Assis, longe de mim fazer tão absurdo, mas aqui cabe uma pergunta: Como pode um lugar desse tamanho conviver com tamanha estupidez de espírito? Simples: na maioria das vezes, o povo brasileiro não odeia nada. Odiamos os argentinos, mas se precisarmos deles, pedimos ajuda rapidinho. Odiamos o juiz de futebol, mas gostamos quando ele rouba para o nosso time. Odiamos advogados, mas os chamamos de “Seu dotô”. Odiamos burrice, mas ninguém senta a bundinha pra ler um livro por mais de duas horas. Odiamos corrupção, mas adoramos o nosso “jeitinho brasileiro”.
Os judeus receberam no livro de Deuteronômio o mandamento de não pedirem emprestado nada a ninguém, pois eles seriam poderosos “onde quer que cheguem, pois aquela terra seria deles por herança”. Todos os heróis judeus eram podres de ricos: Abraão, Isaac, Jacó, José (aquele do príncipe do Egito mesmo...), Davi, Salomão. Mas nós brasileiros amamos pobres. Até mesmo quando eles viram ricos e nos dão as costas. Lula, Ronaldos e por ai vai.
Veja na sua lista se você encontra um judeu pobre por ai. Eu pesquisei e encontrei alguns: Bill Gates, Silvio Santos, Spielberg...
Ops...

Para um bom entendedor, meia palavra basta...

quarta-feira, setembro 07, 2005

Calvin e Haroldo


Sem comentários...
Passo horas lendo Calvin e Haroldo... (agradeço ao meu amigo Tavares q me emprestou a coleção quase toda... rsrs... a xerox já está a caminho... rsrs).
Ah! meus tempos de infancia que não voltam mais... rsrs

Vida de professor...


Convenhamos, dar aulas é muito legal, é algo sublime, mas ao mesmo tempo é muito desgastante. Se eu fosse um professor paradão, tudo bem... é só passar dever, explicar e acabou. Mas quem já teve aulas comigo sabe. Mesmo nos dias mais chatos, a aula tende a ser elétrica. Isso é bom pro aluno. Mas é terrível pra mim. 4 horas sentado numa bateria tocando padrões de pedal duplo me cansam menos do que dois tempos de aula. Dar aulas é bom, mas às vezes é pavoroso. Gosto do reconhecimento dos alunos, isso é ótimo, é enobrecedor, é inebriante, e além do mais, é o máximo quando depois do vestibular um aluno chega e diz: “Caraca! Passei! Valeu professor... suas aulas foram de grande valia para mim!...”. Isso é o Céu para um professor, desde que ele tenha pelo menos uma massa de carne do tamanho de um punho chamada coração, pulsando no peito. Vocês deviam saber como é legal pra um professor ver lá da frente (enquanto seu cérebro se atropela organizando as informações que ele despeja na turma) aquelas carinhas de espanto dos alunos quando ele conta uma coisa nova, os sorrisos desvairados, aquela gargalhada geral que ecoa pelos corredores do lugar, quando uma piada funciona, quando o exercício é concluído, quando todos entendem, quando ele é reconhecido na rua, quando fazem uma comunidade no Orkut pra ele (rsrsrs), quando lhe agradecem...
Mas também é estressante. Gente falando, não te dando a mínima, ontem, por exemplo, no meio de uma aula uma aluna se levantou e foi embora... putz... Enquanto continuava a falar sobre Mercantilismo que era o assunto da aula eu fiquei pensando “Será que ela não gostou de alguma coisa que eu falei?! Será que a aula não está legal?”, mas depois de notar que a galera estava chorando de rir e o pior, entendendo a matéria, eu resolvi acreditar que a louca era ela... Alias, o normal aqui sou eu... pelo menos é o que a minha mãe diz... (cá entre nós... nem minha mãe diz isso...).
Mas sinceramente, coisas que estressariam um professor comum se transformam em fatos hilários para mim... E como um bom sacana, tenho que compartilhar com vocês algumas pérolas. Pode ser feio fazer isso, mas... como diria o Seu Madruga: “Eu me agüento”... rsrs
Um exemplo claro disso é as coisas que eu escuto nas salas de aula.
Estava eu, num ano distante, num local mais distante ainda (entenderam que eu não quero entregar ninguém, certo?) dando aulas sobre revolução Inglesa (séc. XVII... sei que vocês sabem disso né... rs) quando fui interrompido por uma mãozinha se levantando (a mãozinha devia ter uns 20 e poucos anos). Estava falando justamente na Elizabeth I, a famosa “Rainha virgem” (Virginia uma região dos EUA recebeu esse nome como uma homenagem feita por Walter Raleigh, inglês que recebeu da Elizabeth a permissão para... ah... deixa as aulas de História pra depois...). Quando eu falei que a mulher era virgem por que nunca tinha feito “aquilo”, embora tivesse vários amantes e tal... Blábláblá..., uma criatura se manifesta e diz:
- Professor, eu discordo do senhor.
Bom, confesso que me arrepiei.
Primeiro. Chamou-me de Senhor.
Segundo. Com a contestação enfática da informação histórica, automaticamente pensei: “Falei merda...”.
Ai ele completou:
- O Senhor falou que ela era virgem, né?
- Sim. Foi isso q eu fa...
Fui interrompido para receber esta pedrada:
- Mas então me explica: E o príncipe Charles: Saiu de onde?
...
...
Eu despenquei no chão.
E a turma me acompanhou.
As risadas foram histéricas! Eu chorei de rir. Comecei a ficar sem ar... Tudo estava rodando... A turma veio abaixo. E a criatura estava lá. Estática. Com aquele ar de “É... fiz uma pergunta sinistra... nem ele vai saber responder”.

Até eu explicar a diferença entre Elizabeth I e Elizabeth II... Entre século XVII e século XX...

Nessas horas uma palmatória funcionaria perfeitamente... é a famosa “Pedagogia da opressão”... rsrs

É... Realmente, dar aulas é um barato...
Embora eu não troque isso por 4 horas tocando bateria... rsrs

Dream Theater!!!!!!!


Dream Theater No Brasil!
Dia 09 de Dezembro.
Claro Hall.

A maior banda de Progmetal do mundo... James La Brie, Jonh Petrucci, Jonh Myung, Jorda Rudess, Mike portnoy.
Rapaz... Nem sei o que vou fazer, mas tenho que ir lá... três horas de show... melodias fabulosas... instrumental de uma complexidade alienígena... é perfeito... e o melhor de tudo: pesado... HUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!!!!!!!

Mais "Senhor dos aneis" pra vocês...

"Três anéis para os Reis-Elfos sob este céu
Sete para os Senhores-Anões em seus rochosos corredores,
Nove pára os Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono
Na terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um anel para encontra-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisiona-los
Na terra de Mordor onde as Sombras se deitam".

Meu Precioso!!!!!


Leitura do momento: O Senhor dos Anéis (J.R.R. Tolkien).
Não há adjetivos suficientes para descrever essa verdadeira obra prima do gênero humano. Sabe aqueles livros que você começa a ler e ele não te deixa parar? A impressão que eu tenho é que a história tem vida própria... ela te prende do início ao fim. Vi os três filmes, mas nada se compara ao sabor de descoberta que essa obra tem: mesmo que o filme seja o mais fiel possível à obra, o livro sempre tem uma carta guardada na manga, detalhes novos, conceitos herméticos e uma sensação de mistério que acompanha cada virada de página... Confesso que a muito tempo não sentia isso de uma obra literária (posso dar dois exemplos de livros que eu me lembro de ter ficado assim: a “Divina Comédia” de Dante e “Paraíso Perdido” de John Milton). Realmente é um livro que deve ser lido atentamente (embora nos convide a trilhar suas páginas de forma diletante), pois suas lições sobre coragem, união, sabedoria e honra devem ser seguidas por nós, reles mortais. È engraçado notar que de todos os povos que receberam os anéis, nós, homens, fomos os únicos a perdê-los por causa da busca estúpida de poder: os elfos os guardaram, os anões foram derrotados, nós... brigamos por um poder que estava em nossas mãos... Tanto que o único que teve a capacidade de destruí-lo foi um ser quase boçal: um Hobbit... (pelo menos não foi um soldado chamado Rambo... rsrs) Na teoria, nós, homens salvamos o mundo. Descobrimos teorias de conspiração, desviamos asteróides, botamos naves alienígenas pra correr, derrotamos exércitos, interceptamos mísseis, tomamos aviões antes seqüestrados por terroristas, arrasamos corações, resgatamos a princesa, recebemos medalhas, desfilamos com nossos estandartes. Entretanto, esses são delírios oníricos. Na realidade, não conseguimos nem mesmo proteger nós mesmos de nossos próprios desejos... Nossos desejos de vitória, de vingança, de sangue, de poder. O nosso lado negro sempre aflora, e sem um domínio correto, sempre iremos ceder a ele. Essa é a essência animalesca do ser humano. Instinto. Mas nem mesmo essa tendência animalesca tem nos ajudado.

No episodio das Tsunamis, uma coisa chamou a atenção de todos: não foi encontrado um único animal morto. Nenhum. Todos os animais fugiram da região antes mesmo do desastre acontecer. Animais em cativeiro romperam as grades e fugiram. Cães latiram o dia inteiro. Gatos subiram em árvores. Pássaros voaram para longe. Animais selvagens foram para as colinas.
E nós homens, a raça mais avançada de todo o universo, não percebemos nada. Nada. Quando as águas retrocederam nas praias, anunciando: “Ei... humanos! Sai daí que vai dar merda!”, turistas continuaram a tomar banho tranqüilamente. E tirando fotos... e filmando... e respirando... e tratando tudo com a arrogância típica dos homo sapiens. - “Esqueceram? Os animais não pensam!”. Sei...
Quando o Tio Noé, lá nos tempos imemoriais, chamou a galera pra Arca, quem é que foi? Os homens? Só reagimos aos estímulos externos depois que eles acontecem. - “Vambora cambada! O tempo ta fechando! Vai chovê... vai chovê...”. Já os animais não... na primeira buzinada foram em fila indiana pra dentro do “barquinho engraçado feito pelo velhinho excêntrico”.
...
Freud estava certo.
Não conseguimos nos proteger nem de nós mesmos.

De vez em quando me pergunto se não existe um Céu pros animais... Pode parecer blasfemo, mas raciocina: Se existe um só pra gente...

sexta-feira, setembro 02, 2005

Elogio da Loucura


Leitura do momento: Elogio da Loucura (Erasmo de Rotterdan 1467-1536).
O livro é fabuloso, sarcástico e inteligente. Situado no período anterior à Reforma Protestante e inserido no clima renascentista, o livro trata de uma espécie de defesa da Loucura. Segundo o livro, toda a alegria do mundo provém da loucura, assim como as ferramentas para suportar esse mundo e suas complicações:
“E, de boa fé, qual é o mortal que quereria sujeitar-se ao casamento se tivesse antes, como homem sensato, os inconvenientes desse estado? Qual a mulher cederia às demandas amorosas de um homem, se tivesse pensado a sério nos incômodos da gravidez, nas dores, nos perigos do parto e nos trabalhos penosos da educação? Ora, já que deveis a vida ao casamento, e os casamentos são formados pela Demência que pé uma de minhas seguidoras, julgais quantas obrigações me deveis! Além do mais, se uma mulher experimenta de uma vez esses incômodos, poderia ela expor-se a eles de novo se na minha amiga deusa do Esquecimento não espalhasse sobre ela suas influencias?”.
“De fato, se excetuarmos as rugas e o número de anos, há dois seres que se assemelhem mais do que o velho e a criança? Ambos tem cabelos escassos, uma boca sem dentes, um corpo raquítico; gostam de leite, gaguejam, tagarelam; a tolice, o esquecimento e a indiscrição, tudo contribui para formar entre essas duas criaturas uma semelhança perfeita”.
E finalizo com uma das frases mais bombásticas do livro, e que realmente correspondem com a realidade: “A vida mais agradável é a que transcorre sem nenhuma espécie de sabedoria”. Realmente se analisamos friamente, quanto mais conhecimento um homem possui, mais cinza a vida se apresenta. O conhecimento seria como uma caixa de Pandora - se aberta, todos os males se apoderam do mundo real. Assim como a perdição da raça humana veio da simples curiosidade por conhecimento de Eva e da conseqüente derrocada de Adão, a nossa busca incessante por conhecimento nos leva a caminhos nem sempre progressistas. A sabedoria tem a capacidade de entristecer os corações mais saltitantes; com seus dados estatísticos ela pode desmontar todo um mundo de utopias e estabelecer seu edifício racional, sustentado por teorias, formulas, hipóteses e experimentações. Com certeza, as risadas são mais abundantes nas casas de pessoas simples do que nos gabinetes de cientistas. Até mesmo Aquiles, o grande herói grego disse já no seu descanso pós-morte que preferia viver como um camponês rústico a remexer a terra e a mirar seus olhos para o infinito sem pensar em absolutamente nada, do que viver a sua vida heróica recheada de batalhas, destruição, gritos de terror e glória.
Glória?
Como disse certa vez o rei Salomão, “quanto mais sabedoria, mais tristeza”.

Às vezes me pergunto se ser ignorante é muito mais prazeroso do que ter uma mente como a de Einstein. Embora o velhinho pudesse enxergar beleza no movimento curvilíneo da luz, uma pessoa simples consegue enxerga beleza até mesmo na sua burrice.
Ainda bem que ultimamente tenho me considerado bem burro.