Growing up!

Aqui você encontrará meus delirios socráticos, minhas opiniões sobre assuntos diversos e obvio, um pouco da minha percepção de mundo. Tiago de Souza

sábado, janeiro 28, 2006

Homem do Futuro


- Acredite Virgil... eu realmente vim do futuro...
- Me prova! me prova!
Desde criança, Virgil (na verdade, Virgílio, mas gostava de ser chamado de Virgil, porque achava Virgilio um nome muito barroco...) via coisas. Na realidade, ele via somente uma coisa. Um homem magro, de terno. Cabelos negros compridos, porém amarrados cuidadosamente. Pele clara e olhos azuis inquisidores. Na primeira vez foi terrivel, ele tinha 6 anos. Era meio estranho para ele, mas com o tempo, se acostumou com isso. Tanto, que no inicio, as pessoas achavam até graça:
- Pai, tem um homem no armário.
- É mesmo filhão? cadê?
- Olha ele ali...
- Papai já olhou e não tem nada... filho, vai brincar na rua, vai lá, vai lá...
-Pai... ele tava aqui agorinha! eu juro!
- Tá bom... tá bom... agora vai... esse meu filho tem uma mente... vai ser cientista...
Até as visitas achavam graça:
- E ai meninão... viu alguma coisa hoje?
- Não... mas ontem eu...
-Ah.. que pena... logo hoje que eu venho você não viu nada... vem cá no colo da tia, vem..
Conforme o tempo foi passando, as pessoas que de inicio achavam graça no menino que via "gente" começaram a realmente se questionar se aquilo não era mesmo verdade, ou então, uma brincadeira de mal gosto.
- Menino, eu já falei pra você parar com isso!
- Mas ele tá lá no banheiro! eu vi quando eu tava caga...
-Olha as palavras na frente da visita moleque!
- Quer dizer... eu estava lá e... ele apareceu! ele apareceu!
- Ele quem?
- O moço do futuro!
-Hã?!?!
Como as visitas eram constantes, o tal intruso ganhou até um apelido do garoto. "Homem do futuro". É que a única coisa que ele teria dito para ele numa de suas aparições.
- Virgil... eu vim do futuro...
-Mãnhêêêêêêêêêêêêê!!!!!!!!
Foram muitas as noites em que os pais acordavam assustados com a gritaria do menino:
-YEAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!
- Virgil!
- Ele tá aqui! em baixo da cama! em baixo da cama!
- Onde? onde?
Mesmo na adolescencia, o tal "HF" (com o tempo passaram a usar a abreviação...) continuava a aparecer, mesmo nas horas mais improprias:
- E ai Virgil... vai me beijar ou não?
- Ele está atrás de você!
- Quem?!?!
- O homem do fu... ah... deixa pra lá...
O tempo foi passando, e até mesmo chegaram a cogitar a possibilidade de uma esquizofrenia, mas nem mesmo os médicos chegaram a uma conclusão satisfatória do que acontecia com o menino. Os exames eram sempre limpos, e por mais incrivel que fosse, as "visões" não atrapalhavam o rendimento do garoto em nenhuma área da sua vida. E o menino era um verdadeiro prodigio na área artistica: além de desenhar como ninguém (embora tenha abandonado os desenhos na juventude) ele era um excelente músico. Um guitrarista excelente. mas o que mais impressionava era a sua habilidade na área de informática. Ele era um gênio. começou a se enveredar no mundo dos computadores aos 14 anos, e aos 21 já era um dos mais jovens mais promissores da sua região. Na época do vestibular, optou pela informática, e na faculdade (que ele aliás odiava) ignorou a tudo e a todos para se manter concentrado nos estudos, além de se manter em dia com os estudos "guitarristicos". A música tomava uma boa parte doo seu tempo, e manter as duas áreas em dia era uma tarefa hercúlea. A faculdade foi concluida com louvor: a snotas mais altas da história do curso eram as suas, além de ter sido escolhido o orador da turma, recebeu uma proposta de estágoi na maior firma de computação do mundo: a PC Corporation, e com poucos meses de estágio, foi promovido ao mais altocargo de sua área. Uma carreira promissora, é verdade, mas porém, na cabeça dele, ainda faltava algo. Uma realização maior do que as pessoas poderiam sonhar. Foi aí que o home do futuro voltou com força total. A muito tempo ele tinha sumido da sua vida, na realidade, a ultima aparição foi na época do ensino médio, mas agora, 5 anos depois, as visões voltaram. Ele não conseguia se manter tranquilo, pois sempre que se distraia com a vida, o ucom qualquer outra coisa, o homem aparecia e sumia num piscar de olhos.
Mas dessa vez as coisas chegaram a um nivel muito pior do quee le imaginava.
Antes, o HF desaparecia ao meno rsinal de outra pessoa. E sempre que ele aparecia, outras pessoas estavam por perto. Mas dessa vez não.
Virgil estava sozinho.
Em casa.
Chovendo.
Uma voz.
Um copo cai.
Coca cola no chão.
Olhos inquisidores.
Era ele.
Homem do futuro.
-Virgil, eu vim do futuro.
- Não... para com isso... eu tô vendo coisas...
- Virgil, precisamos conversar. Agora.
- Eu tô imaginand ocoisas... eu vou fechar os meus olhose você vai sumir do mesmo jeito que antes...
- Virgil...
- Um...dois...
- Não adianta... eu estou aqui...
- Ai meu Deus...
- Virgil, eu te acompanho desde a sua infância. Você sabe disso. tenho uma proposta pra você.
- Que...
-Só escute. Eu venho do futuro.
- Me prova! Me prova!
- Só escute.
- Humpf...
- Eu tenho uma proposta pra você. Quero que você abandone o seu emprego amanhã.
-Quê?!?!??!
- Amanhã. você não vai adr satisfações a ninguém. Nem vai ouvir o que o presidente da sua firma tentar propor a você. Você vai pedir demissão e nunca mais vai trabalhar com informática.
-Mas porquê? Você tá maluco?
- Se você fizer o que eu estou pedindo, garanto que você será muito bem recompensado.
- Como assim?!
- Em um ano, você será um astro da música mundial.
- Cê tá de sacanagem...
- Você não queria uma prova? tome.
O tal Homem entrega um cd nas mãos de Virgil.
-Coloque no seu computador... embora vocês ainda utilizem uma tecnologia arcaica pelos padrões do meu tempo, ele irá abrir sem problemas. mas existe um detalhe: dois arquivos vcoê encontrará. Só abra um deles: o vídeo. O texto você não deve abrir. Ainda.
Ele coloca o cd. Ele abre. Dois arquivos. Exaatmente como HF tinha dito: um de vídeo e outro de texto. Ele clicou com o mouse sobre o ícone do vídeo e para o seu espanto...
O vídeo era sobre ele.
Sim... o vídeo era um making of da sua turnê mundial "Entropia". Era o nome do seu cd. Era ele. Mai envelhecido, mas era ele. Viagens, entrevistas, clipes, especiais de televisão, tudo. Era a sua carreira passando perante seus olhos. Não havia como falsificar tduo aquilo. Era ele falando, ele andando numa piscian gigantesca. Os dois filhos que ele nunca teve, a sua esposa, que ele ainda nem conhecera , ... todos estavam ali...
- Se eu aceitar... isso tudo vai acontecer?
-Sim.
- Meu Deus...
- Aceita?
- Cara... isso é muito louco...
- Aceita? - o HF quase gritando- Eu não tenho muito tempo! ah... se você aceitar, voc~e nunca mais vai me ver. Está bem?
- Eu aceito.
- Outra coisa: só abra o outro arquivo daqui a três anos. Entendido?
- Porquê?
-Entendido?
-Si-sim.
-Adeus Virgil. Adeus.
-Ade...
E sumiu. Para nunca mais voltar.
No outro dia, ele fez tudo como o combinado. Abandonou o emprego e foi pra casa.
O tempo passou. Nunca mais ligou um computador. Já que a carreira de músico estava garantida, não estudava mais guitarra como antes. Nada mais importava, sonemte se preparava para o sucesso.
Ele aceitou a proposta. Não foi?
Tudo irá acontecer Não é?
Mas não aconteceu.
Nada.
Três anos se passaram.
Nada.
Ele abriu o outro arquivo. O texto.
E dizia o seguinte:
Virgil.
Se você abriu esse arquivo, é por que nada aconteceu, correto?
Ele balançou a cabeça.
Existem três coisas que você deve saber:
1- Na realidade, eu não sou seu amigo. sou seu maior inimigo no futuro. Eu fiz o que fiz para eliminar suas atitudes no futuro. Eu queria eliminar você. E pelo visto, consegui.
2- No dia em que você pediu demissão, o conselho da PC Corporation tinha escolhido você para substituir o presidente da companhia. Foi isso que o seu chefe tentou lhe dizer. E você não escutou. Eu sou o presidente da firma que você iria destruir na sua (futura) gestão. Entendeu agora?
3- Você realmente poderia ser um astro da música mundial, eu não fui tão malvado assim, mas você cometeu o maior erro da sua vida, Virgil: descobriu como seria seu futuro. E sendo assim, não fez nada para que ele se tornasse realidade. Um erro grotesco Virgil... Logo você...
Então, é só isso.
bem a sua vida.
Eu aproveitarei a minha.
Um grande abraço
"Homem do Futuro"
(sabia que eu adorei esse apelido?)

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Delirios mnemônicos...

Eu não sei vocês, mas eu tenho uma memória musica prodigiosa. É sério... escuto uma música poucas vezes e consigo lembrar de todos os arranjos, paradas, solos e coisas o tipo. Isso é essencial para quem toca o tipo de som que eu toco: o prog metal é um estilo de arranjos complicados (e algumas vezes longos...) onde a habilidade técnica se faz necessária, mas uma memória musical afiada é elemento chava para se dar bem nessa praia, pois de que adianta saber tocar mas não lembrar dos arranjos?
Mas o assunto que eu quero falar não é esse.
Certas músicas me lembram determinadas situações na minha vida. Minha memória arquiva as músicas que eu escuto em determinados momentos de minha vida e as transforma em chaves e compreensão mnemônica. Vou dar exemplos (e são vários):
1- Quando fiquei de recuperação pela primeira vez na vida (matemática, João Luiz, primeiro ano do ensino médio, no 4 bimestre de 40 pontos alcançáveis no ano inteiro eu só tinha 8...) a música q eu escutava quando estava estudando era "Living Forever" do genesis. Sempre que eu me lembro desse período conturbado de minha vida, ao invés de me lembrar dos exercícios e da prova, eu me lembro da música.
2- Sempre que eu me lembro da música "Blind Faith" do Dream Theater, eu me lembro de como entrei na minha atual banda.
3- Quando estava esperando o resultado do vestibular, a música que me marcou foi "Shiver" do Coldplay.
4- É só escutar Foo fighters ("MIA" me faz lembrar a proximidade do desligamento da turma, "Generator" me faz lembrar as bagunças, e é só tocar "Learn to fly" que eu me lembro do meu terceiro ano inteiro...); é só escutar Skank que eu lembro do primeiro ano...
5- Quando escuto "Speed fo sound" do Coldplay eu me lembro das merdas que eu fiz ano passado...
6- "Power of love" do filme "De volta para o futuro" me lembra o ABEU, colégio onde fiz meu primário...
Não quero me alongar com isso, mas duas músicas em acompanharam durante um longo período da minha vida.
Sim... e daí?
O drama é que eu lembrava a música, lembrava a situação, mas não sabia quem era que cantava a música! nem sabia o nome da música!
Já aconteceu isso com vocês?
Isso me deixo contrariado durante anos...
A primeira música tem uma história alegre: ela me lembra a minha infancia... sempre que eu me lembro de como era irresponsável, de como não tinha problemas tão sérios, dos beijos sem compromisso (pelo menos nos meus sonhos eu beijva alguém...rs) eu me lembrava dessa música. As minhas primas quando cehgava a noite (lá pras seis horas) ligavam na finada FM 105 e ficavam escutando o emlhor da música dos anos 80 e 90. E essa era a minha preferida...
Qual o nome ela?
Não sei...
Já a outra me lembra uma situação triste... certa vez comi um cachorro quente com alguma coisa estragada dentro... tive uma hemorragia tão sinistra que passei o dia inteiro internado. Eu fiquei deitadão numa maca com aquele soro pingando lentamente ao meu lado... e num belo momento, uma música veio aos meus ouvidos...
e qual era o nome da música?!
Eu não sabia!!!!!!!!!!
Mas ontem eu descobri numa tacada só o nome das duas!!!!!!!
Fui buscar um DVD na casa de um colega, e quando eu cheguei lá, conversa vai ,conversa vem... o cara pegou um violão. Ele está tocando num erstaurante junto com o vocalista da minha banda. O repertório é tod ocalcado em música ds anos 80 e 90. O cara começou a tocar... Duran Duran, Tears for Fears, Queen, Phil Collins, Peter Gabriel, Marillion, Police, Eric Clapton, INXS... no meio daquela cantoria, tive um estalo e perguntei pra ele:
- Cara você sabe quem canta essa música?- e cantarolei a primeira.
- Essa? é o Rick Astley.. tenho até um disco dele...
Eu quase desmaiei...
- E essa aqui?- Pergunte incrédulo.
- Erasure.
Eu voltei pra casa nas nuvens. As duas musicas que me perseguiram por mais de uma década sem que eu soubesse quem cantava e nem seus nomes estavam ao alcance das minhas mãos... agora é só comprar o cd...
Baixar na internet?
Não....
Elas marcaram a minha vida... merecem que eu compre os cds e os guarde como lembrança de uma infancia fabulosa e de um cachorro quente estragado.
Coloquei a letra das músicas aqui...
Infancia

A Little Respect

Erasure

I try to discover
A little something to make me sweeter
Oh baby refrain
From breaking my heart
I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
Why you're making me work so hard

That you give me no
That you give me no
That you give me no
That you give me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please
Give a little respect
To me

And if I should falter
Would you open your arms out to me
We can make love not war
And live at peace with our hearts
I'm so in love with you
I'll be forever blue
What religion or reason
Could drive a man to forsake his lover

Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please
Give a little respect
To me

I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
Why you're making me work so hard

That you give me no
That you give me no
That you give me no
That you give me no

Soul, I hear you calling
Oh baby please (Give a little respect)
Give a little respect
To me

(Soul) I hear you calling
Oh baby please (Give a little respect)
Give a little respect
To me


Cachorro quente

Cry For Help

Rick Astley

Composição: Rick Astley and Rob fisher
She's taken my time.
Convince me she's fine.
But when she leaves I'm not so sure.
It's always the same.
She's playing her game.
And when she goes I feel to blame.
Why won't she say she needs me?
I know she's not as strong as she seems.

Why don't I see her cry for help?
Why don't I feel her cry for help?
Why don't I hear her cry for help?

I wandered around
the streets of this town
trying to find sense of it all.
The rain on my face,
it covers the trace
of all the tears I'd had to waste.
Why must we hide emotions?
Why must we never break down and cry?

All that I need is to cry for help.
Somebody please hear me cry for help.
All I can do is cry for help.

No need to feel ashamed. Release the pain. Cry for help.

Cry for help is all I need.
All I need is a cry for help.
Cry for help is all I need.
All I need is a cry for help.

Why must we hide emotions?
Why can't we ever break down and cry?
All that I need is to cry for help.
I will be there when you cry for help.
Why don't I hear her cry for help?

All that I need is to cry for help.
Somebody please hear me cry for help.
All I can do is cry for help.

All that I need is to cry for help.
I will be there when you cry for help.
Is it so hard to cry for help?

(Cry for help is all I need.) No need to feel ashamed.
(All I need is a cry for help.) Come on and release the pain.
(Cry for help is all I need.) Put your trust in me.
(All I need is a cry for help.) My love is gonna set you free.



sábado, janeiro 21, 2006

Repeat

Eu não sei vocês, mas eu quando gosto de uma música eu fico escutando a mesma musica direto. Sem parar. Aperto o repeat e pronto. Até enjoar. E repetir tudo de novo com outra música. E enjoar. E repetir tudo de novo com outra música... E enjoar...
Coloquei a lista das músicas que eu mais escutei em 2005. Não na ordem de importância nem na ordem cronológica. Não das músicas que eu escutava aleatoriamente, mas sim das músicas onde o repeat rolou solto...

1- Speed of sound (Coldplay)
2- She's eletric (Oasis)
3- I want beside you (Dream Theater)
4- Octavarium (Dream Theater)
5- World changer (Jorn Lande)
6- Spirits never die (Masterplan)
7- Into the arena (Masterplan)
8- A day in life (Beatles)
9- Something about you (Level 42)
10 - Chemistry (Semisonic)
11- Sunrise (Norah Jones)
12- Música (Vanessa da Mata)
13- O vento (Los hermanos)
14- Friends 2 Lovers (Soul sirkus)
15- My santuary (Soul Sirkus)
16- More than ever (Evergrey)
17- Stress (Pain of Salvation)
18 - People passing by (Pain of Salvation)
19- ! [Foreword] (Pain of Salvation)
20- Iter Impius (Pain of Salvation)
21- Downside up (Peter Gabriel)
22- More than this (Peter Gabriel)
23- Solisbury Hill (Peter Gabriel)
24- Waking hour (ARK)
25- These Walls (Dream theater)
26- Home life (John Mayer)
27- Daugthers (John Mayer)
28- I missed again (Phil Collins)
29 - Not to late (Phil Collins)
30- The colony of splippermen (Genesis)
31 - It (Genesis)
32- Never a time (Genesis)
33- Town could malice (The Jam) [trilha sonora do filme "Billy elliot")
34- She has no time (Keane)
35- The power of love (trilha sonora de "De volta para o futuro"... esqueçi o nome da banda...)
36- Medley "Vem fazer gluglu + bilu bilu teteia + aonde a vaca vai + farofa + interesseira" (Sérgio Mallandro)


No momento eu só me lembro dessas...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Mijo de vaca...


Não sei se vocês sabem (e é bem provável que não), mas do lado da minha casa existe uma verdadeira Amazônia em miniatura. É sério. Vou explicar.

Meu avô, a muito, muito tempo atrás (no período que os homens andavam de terno e gravata na rua as duas da tarde, quando se usava limão debaixo do braço como desodorante, quando merda era palavrão e quando batom era coisa de mulher safada) era um homem de muitas posses. Era quase um “rei do gado”. O cara veio de um lugar longínquo, apelidado genericamente de “Norte”, e através de muito trabalho árduo, começou a construir um verdadeiro império em Belford Roxo. Em questão de anos, o paraíba tinha terrenos gigantescos, cavalos marcados a ferro quente bem na bunda com as iniciais “SV” (de Severino Valentim... pelo nome já deu pra notar de onde meu avô veio né...), bois, vaquinhas, empregados, casas... até jipe o cabra tinha... meu vovô era realmente um cara endinheirado. Mas conforme o tempo foi passando, as trindade “fama + más companhias + burrice” foram fazendo esse verdadeiro aglomerado de riquezas se extinguir em grande parte. Quando eu nasci, meu avô de rei do gado não tinha quase nada, o que me enfurece até hoje, pois eu poderia ter nascido como um verdadeiro “mezenguinha”. Mas fazer o quê... Para que você entenda essa história, devo apresentar dois personagens: o terreno conhecido como “Amazônia” e a minha avó.

Uma das coisas que permaneceram das posses do meu querido vovô foi um terreno gigantesco, onde estão localizadas a minha casa, a casa dele e a casa da minha tia. Antes que pensem que eu moro num verdadeiro poleiro, deixo bem claro que o terreno é enorme, e as três casas tem seu devido espaço sem emporcalhar o ambiente. Meu avô construiu as três casas, e quem teve o prazer de conhece-lo sabe que o que ele tem de cabeça ele tem de cabeça (se é que vocês me entendem...). Ao lado desse terreno se encontra a Amazônia que eu tinha me referido antes. Ou seja, são dois terrenos separados por um muro de um metro e pouco de altura, mas que não é suficiente para nos separar por completo tanto da visão quanto do cheiro do terreno. A Amazônia é um terreno igualmente gigante onde ficam a garagem e plantas. Muitas plantas. Pé de manga, goiaba, cajá, acerola, coco, tem de tudo aqui. E fora os bichos.
Como meus avós são do interior, a vida interia eles tiveram muito contato com terra, plantas e animais, o que explica uma verdadeira fixação doentia pelo que eles chamam de “criações”. Patos, galinhas, coelhos, perus (gluglugluglu...), porcos, codornas, cachorros, papagaios, tudo isso já passou por aqui. Hoje, somente os patos, as galinhas, os perus e os cachorros permanecem, o que é um verdadeiro avanço. Ela chegou a construir um verdadeiro “Copacabana Palace” pras galinhas que ela cria.
O “edifício” tem dois andares.
Houve uma época em que existiam 7 cachorros aqui em casa... e quando a minha avó cismou de criar gansos? Esses verdadeiros “pittbulls com penas” chegaram ao incrível quantidade de 35... nem minha vó entrava mais lá...
Certo dia eu escuto minha vó gritar lá do portão dela:
- Príncipe! Vem cá!
(sim... ela me chama de príncipe...)
- Quequifoi?
- Me ajuda aqui... pega aqui...
Era um galão cheio de algum liquido que eu ignorei no momento.
- Pesado né...
- É...
- É pra melhorar a qualidade do terreno...
- Adubo?
- É... sim! É pra “adubar” o terreno.. vai ficar lindo príncipe!
(sim... ela me chama de príncipe... quequitem? Hein? Hein?)
Atravessei o portão que separa o terreno da minha casa e deixei o troço lá. Minha vó apareceu com um balde, e abriu a torneira que existe ao lado da garagem daqui de casa. Começou a enche-lo enquanto eu ia pro meu quarto fazer sei lá o quê. Só sei que esqueci totalmente o ocorrido e fui cuidar das minhas coisas. Foi quando eu senti o cheiro. Um cheiro de mijo começou a empestear o ambiente de uma forma terrível. Comecei a ficar puto da vida com aquele maldito odor que invadia a minha casa como uma verdadeira peste. Pensei angelicalmente que fosse o banheiro. Naquela época, a descarga do banheiro daqui de casa tinha dado defeito e eu pensei que alguém (provavelmente meu irmão) tinha feito merda... quer dizer... xixi, e não tinha enchido o balde singelo que ficava ao lado do vaso sanitário e que servia exatamente pra vocês já sabem o que. Mas quando cheguei no banheiro... nada...tudo limpo...
Foi quando eu escutei:
- Aleluiaaaaaaaaaa!
- Glória a Deusssssssss!
- O Jesussssss! Abençoa as plantinha!!!!!!!!!!!

Lembrei da minha vó. Seja varrendo a casa, seja lavando a roupa, seja qualquer coisa, ela sempre está cantando um hino ou então conversando com o papai do céu. E sempre numa altura estratosférica. Minha vó é muito ligada em Deus, pra vocês terem uma idéia, um pato que ela criava estava meio mal, sabe? Dodói... ela pegou o pato nos braços e começou a orar?!E o pato não ficou bom depois?
- Cura o pato Jesúúúúússsss!!!!!
O problema é que desa vez, algo me dizia que tinha alguma coisa errada.
O cheiro aumentava conforme eu ia me aproximando do quintal e foi quando eu vi uma cena aterradora.
Minha vó estava jogando um liquido meio amarelado pro alto.
Eu me recusei a pensar no que minha mente me apresentou.
Sim.
Ela estava jogando algo extremamente fedorento nas plantas.
Quase desmaiando, fui ma aproximando cauteloso, e perguntei:
- Vó... que merda é essa?!
- È prás plantinha ficá forte!
- Mas o que é isso?
O sol refletia no balde, fazendo com que o liquido no seu interior apresentasse uma tonalidade amarela intensa.
- É mijo de vaca!
- O quê?!?!?!?!?!
- Um moço contou para mim que isso é bom pra fortalecê as plantinha!
- Meu Deus do...
- Elas vão ficar lindas! As minhas plantinha!!!!!!
E continuou a jogar com o balde o precioso liquido fedido nas plantas.
Ela pulava!
Ela cantava!
Ela jogava!
Eu comecei a rir de nervoso...
Nem me pergunte como ela arrumou o suposto “mijo de vaca”.
Só sei que a rua ficou fedendo uns dois dias...

.